Uma experiência de automação num ryokan japonês

Uma empresa nipónica de carros levou a sua tecnologia para dentro de uma pousada japonesa. O resultado são chinelos, almofadas e comandos de TV que andam sozinhos. Para nunca mais perder certos objectos de conforto dentro do quarto.

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O Japão é um dos países na linha da frente da tecnologia e em Março será palco de uma experiência que é tanto um golpe publicitário da Nissan como uma demonstração do que poderão ser os nossos hotéis e pousadas quando a automação chegar em força a esta indústria.

Para captar a atenção das pessoas que não ligam nenhuma a carros — e por isso mesmo também desconhecem as capacidades tecnológicas actualmente a bordo de certos modelos —, a Nissan decidiu transferir a tecnologia ProPilot Park (que equipa o modelo Nissan Leaf desde Outubro de 2017) para dentro de uma típica pousada japonesa, que por lá se chamam ryokan. Um casal, escolhido por concurso, terá uma noite de estadia num ryokan (o Ichinoyui Honkan, em Hakone) em que há chinelos, controlos de televisão e almofadas que se movem sozinhos.

Imagine portanto uma pousada japonesa, com aquele ambiente silencioso e calmo, em que tem de tirar os sapatos à entrada. Antes de chegar à recepção, um par de chinelos vai ter consigo e, se pesar até 80kg, levá-lo-ão até ao balcão e, depois até ao quarto (que ficará no mesmo piso). Uma vez na habitação, a mesma tecnologia que equipa os chinelos — quando os tirar não precisa de os arrumar, pois eles seguirão sozinhos para o lugar de arrumo previamente definido — terá almofadas no chão semelhantes a puffs que se movimentarão autonomamente em função das preferências. E esqueça o comando da TV perdido no quarto — este virá ter consigo.

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NISSAN

Para tal, explica Nick Maxwell, será aplicada a estes objectos a tecnologia Pro Pilot Park que, nos carros, é accionada com um simples botão. Cada modelo tem quatro câmaras de alta resolução capazes de processamento de imagem em tempo real e 12 sensores de sonar que recolhem informação sobre obstáculos nas redondezas, para os evitar, controlando acelerador, travões, transmissão e  volante.

Os diferentes objectos na recepção e no quarto da pousada seguirão o mesmo princípio,  “mas de uma forma mais simplificada”. “Basicamente, estes objectos terão uma posição inicial pré-programada, à qual regressarão depois de serem movidos de lugar.” Para tal, recorrerão a “câmaras instaladas no tecto e que vão detectar se o caminho está livre ou qual o percurso adequado para evitar outros objectos”. Os chinelos, por exemplo, terão duas rodas dianteiras para permitir o movimento e esse foi, segundo Nick Maxwell, o grande desafio: “Perceber como colocar rodas e um motor em objectos que já são de si tão pequenos.”

Esta não é a primeira experiência do género – na realidade, "não se pode negar que é uma campanha publicitária", sublinha o mesmo responsável – em que se tenta dar movimento a objectos quotidianos. Em 2016, lançou-se uma primeira tentativa com cadeiras de secretária, se moviam para uma posição definida. Para as fazer mexer, basta um bater de palmas. Nessa altura, o parceiro foi o fabricante de cadeiras Okamura, que produzir estas cadeiras para comercialização.

Em 2017 a tecnologia foi aplicada a outro tipo de cadeiras.O projecto de 2018, organizado em conjunto com a agência de publicidade TBWA Hakuhodo (Tóquio) "tem atraído muita atenção online". À Nissan têm chegado perguntas sobre uma eventual expansão da ideia, para algo mais sério, questão igualmente colocada pela Fugas. "Actualmente, não está nos nossos planos, mas estamos abertos a considerar todas as possibilidades", responde Nicholas Maxwell.

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