CDS processa ex-secretário-geral e nove dirigentes de Sintra

Os militantes e dirigentes em causa, dois dos quais da comissão política nacional, são acusados de não fazerem campanha nas autárquicas

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O conselho de jurisdição distrital de Lisboa do CDS abriu processos disciplinares a 10 militantes e dirigentes de Sintra, entre os quais está Lino Ramos, presidente da mesa da concelhia e mandatário financeiro autárquico das eleições de Outubro, e antigo secretário-geral do partido. 

No despacho a que o PÚBLICO teve acesso, a principal acusação é não terem feito campanha em Sintra nas últimas autárquicas, onde o CDS concorreu na coligação Juntos pelos Sintrenses, criada a partir do movimento independente de Marco Almeida e em que estavam ainda o PSD, o MPT e o PPM. A concelhia de Sintra foi contra a coligação – e tinha aprovado uma proposta para o CDS concorrer sozinho – mas foi ultrapassada pela vontade de Assunção Cristas.  

Entre os dez acusados estão também o antigo líder da concelhia, Silvino Rodrigues, bem como o actual, Maurício Rodrigues, que conquistou a liderança da estrutura após as autárquicas. Tanto Lino Ramos como Silvino Rodrigues fazem parte da Comissão Política Nacional liderada por Assunção Cristas e, por esse motivo, têm de ser notificados formalmente do processo disciplinar pelo Conselho de Jurisdição Nacional (CJN). Os seus nomes constam, no entanto, do despacho do CJN.

No despacho, os militantes e dirigentes são acusados de não terem feito campanha em Sintra, onde o CDS apresentou José Ribeiro e Castro, ex-líder do partido, como cabeça de lista à Assembleia Municipal de Sintra - Ribeiro e Castro foi eleito e, entretanto, já abdicou do lugar. “Lino Ramos, o único principal dirigente concelhio eleito em Sintra após a crise local de Fevereiro [demissão da comissão política local] e membro da Comissão Política Nacional, não esteve presente, ostensivamente, numa única acção de campanha autárquica do CDS no concelho”, lê-se no documento. O mesmo texto aponta ainda Lino Ramos como o “mandante de acções desenvolvidas” pelo militante centrista Carlos Pinheiro e que foram no sentido de, alegadamente, fazer campanha a favor do PS.

No processo, os militantes em causa  - entre os quais estão ainda quatro presidentes de núcleo - também são acusados de faltar a reuniões da estrutura local. No caso de Lino Ramos e de Silvino Rodrigues é apontada a ausência na reunião do Conselho Nacional, a 14 de Julho do ano passado, em que foi aprovado por unanimidade o acordo de coligação para Sintra. O antigo vereador em Sintra na gestão de Fernando Seara é ainda suspeito de ter cedido os ficheiros de militantes do CDS para ser distribuída propaganda contra Assunção Cristas e a favor do PS.

A concelhia de Sintra, reunida em plenário em Fevereiro de 2016, votou por larga maioria a proposta de o CDS concorrer sozinho nas autárquicas locais, mas essa não foi a vontade da líder do partido que, mais tarde, foi à estrutura defender a sua proposta para um acordo com Marco Almeida. Os militantes e dirigentes notificados da acusação já apresentaram defesa em que negam a ausência nas acções de campanha.

Ao que o PÚBLICO apurou, um dos motivos do desagrado interno contra a coligação foi a obrigação de incluir nos lugares distribuídos pelo CDS candidatos que eram do PSD, do PS e até, num caso, um antigo membro do PCP, e que pertenciam ao movimento criado por Marco Almeida. Esta amálgama de lugares está a gerar, após as eleições, alguma confusão no funcionamento das assembleias de freguesia já que alguns dos eleitos no lugar do CDS não representam o partido.

Por outro lado, a campanha fazia-se com bandeiras vermelhas, a cor da coligação formada, o que causou perplexidade entre os centristas e chegou até a gerar confusão com o PCP. O PÚBLICO contactou o actual presidente da concelhia que prefere só fazer declarações no final do processo. Lino Ramos também se escusou a fazer quaisquer comentários sobre este assunto.  

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