Escola José Falcão continua à espera de obras. Ministério diz que arrancam este ano

Alunos promovem nesta sexta-feira cordão humano à volta do edifício cujas condições degradadas se fazem sentir particularmente no Inverno

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Sergio Azenha

Há um ano, o início do fim dos problemas da Escola Secundária José Falcão parecia estar à vista. Depois de uma campanha para a realização de obras no edifício situado no centro de Coimbra, o director da escola, Paulo Ferreira, explicava ao PÚBLICO que pelo menos a intervenção no ginásio arrancaria ainda em 2017.

Um ano depois, o edifício com mais de oito décadas continua com vários problemas e estão por arrancar os prometidos trabalhos de melhoramento. Por isso, a Associação de Estudantes da José Falcão decidiu organizar na manhã desta sexta-feira um cordão humano à volta da escola para voltar a centrar a atenção na falta de condições dao edifício.

Questionado pelo PÚBLICO sobre a situação do estabelecimento de ensino, o Ministério da Educação refere que “está em condições de lançar um procedimento de 450 mil euros, exclusivamente para recuperar a parte desportiva, no ano de 2018”.

Segundo Paulo Ferreira, as obras no ginásio, onde foi detectada maior urgência em actuar, “seriam para começar em 2017 e continuar em 2018”. O “abraço à escola” de hoje é “uma forma de relembrar as entidades competentes de que estamos à espera”. A última informação avançada pela Direcção-geral dos Estabelecimentos Escolares de Educação (DGEstE) à José Falcão, garante o director da escola, foi de que o projecto “estava na mesa da Direcção-geral do Orçamento”.

O gabinete do ministro Tiago Brandão Rodrigues não confirma esta informação, mas acrescenta que será elaborado um Programa Funcional de Referência que “permitirá planear as próximas fases de modernização desta escola”.

Isto porque, apesar de a intervenção de 450 mil euros contemplar apenas o ginásio, “a escola precisa de intervenção nela toda”, sublinha Paulo Ferreira. Se o ginásio tem infiltrações, “a urgência de obras é evidente” no resto do espaço, constata a presidente da Associação de Estudantes, Ana Teresa Fonseca. A estudante do 12º ano fala de um “cenário degradante” e de uma “situação preocupante”. Se bem que há “reparações pontuais”, estas são mínimas quando comparadas com a intervenção de que o edifício necessita, explica. “As obras são cada vez mais inadiáveis” e daí o cordão humano.

Mas estudantes, professores e funcionários vão ter que esperar. O ME não avança com um calendário para a elaboração do Programa Funcional de Referência e adianta mesmo que este “será um processo complexo e moroso, face à necessidade de salvaguardar o espólio e os valores arquitectónicos e patrimoniais em presença”. O edifício está classificado como monumento de interesse público.

Processo com mais de um ano

O processo de reivindicação começou a tornar-se mais audível quando o edifício que aloja a José Falcão fez 80 anos, com a comunidade escolar a pedir obras. Estávamos em Outubro de 2016. Até Dezembro desse ano, a Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola José Falcão lançou uma petição para levar o assunto à Assembleia da República. Já no Parlamento, em Dezembro de 2017, os deputados aprovaram por unanimidade um documento que recomendava ao governo a “urgente reabilitação e requalificação” da escola. A presidente da Associação de Pais, Marta Mascarenhas, informa ainda que mais recentemente foi enviado um ofício à Protecção Civil a pedir uma vistoria do edifício, uma vez que pais e encarregados de educação estão “preocupados com a segurança dos alunos”. Para além de vidros partidos, azulejos a descascar e danos nas paredes e tecto, a escola tem deficiências na canalização e na instalação eléctrica.

Para quem lá estuda e trabalha, os problemas do edifício fazem sentir-se mais no Inverno. Depois do Verão – em que “o calor nas salas é angustiante”, conta Ana Teresa Fonseca – regressa o frio e com ele as mantas. “É muito normal ver alunos a levar mantas”, diz a estudante.

Uma situação que o director corrobora. “Em algumas aulas os professores levam termoventiladores. Isso não resolve, minimiza”, acrescenta. Mas se ajuda a subir a temperatura nas salas de aula, contribui para fazer disparar a despesa energética durante o Inverno, aponta Paulo Ferreira. “Com o inverno a situação, que já não era famosa, torna-se cada vez mais grave”, sintetiza Marta Mascarenhas.

 

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