Escola da Noite e câmara de Coimbra chegam a acordo para financiamento

Companhia de teatro ainda não recebeu apoio da autarquia relativo a 2017. Protocolo cobre também o ano de 2018.

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CARLA CARVALHO TOMAS

Demorou quase um ano, mas a companhia de teatro Escola da Noite (EdN) e a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) chegaram a acordo para o termos do protocolo de apoio à criação artística. O diferendo residia no número de estreias exigido pela autarquia, bem como no número de iniciativas camarárias em que a companhia teria que participar.

O protocolo de apoio financeiro para a actividade cultural foi assinado nesta semana, depois de ter sido discutido e aprovado em reunião de executivo camarário já em Fevereiro. O documento é válido para dois anos (2017 e 2018, uma vez que não houve acordo para o apoio no ano passado) e prevê a transferência anual de 60 mil euros de apoio à programação. A companhia recebe ainda mais 20 mil euros por ano para gerir o Teatro da Cerca de S. Bernardo, que é um edifício municipal.

O produtor e membro da direcção da Escola da Noite, Pedro Rodrigues, explica ao PÚBLICO que este desencontro entre a câmara e a companhia está ainda “a causar uma enorme dificuldade de tesouraria”. A EdN ainda não recebeu qualquer montante relativo a 2017, pelo que a companhia teve que contrair dívida para fazer face às despesas. No ano passado esta estrutura foi apenas financiada pela Direcção Geral das Artes (DG Artes).

O responsável refere ainda que o facto de ter estado um ano sem receber do município “condicionou a actividade”, uma vez que “coincidiu também com uma fase de transição dos protocolos de financiamento da DG Artes”. Por receber ficou também a verba relativa à gestão do edifício.

O documento agora assinado prevê que o financiamento relativo ao ano passado seja transferido até ao final de Fevereiro. Tal como outras estruturas culturais, a EdN aguarda igualmente o resultado do concurso ao apoio da DG Artes, cujo resultado provisório deve sair em Março.

Apesar de a autarquia ter assinado protocolos com mais de 80 associações culturais em Maio de 2017, a Escola da Noite ficou fora do pacote. A CMC queria que a companhia aumentasse o número de estreias anuais de uma para duas e que se comprometesse a participar em três iniciativas da autarquia de forma gratuita. Em contrapartida, o financiamento anual aumentaria de 60 para 70 mil euros. A EdN não concordou.

“Entendíamos que a proposta de protocolo não garantia as condições para que nos pudéssemos comprometer a aumentar o número mínimo de estreias por ano”, refere Pedro Rodrigues. O produtor, que lembra que a média de estreias desde a fundação da companhia até é superior a duas, explica que, numa altura de incerteza em relação à DG Artes, o protocolo com CMC “não garante sozinho as condições para fazer mais do que uma por ano”.

Em relação à participação em actividades da autarquia, “a fórmula era ambígua”, sendo que o documento não especificava as “iniciativas a participar”. A solução encontrada foi “incluir três sessões de espectáculos que a EdN tivesse em temporada em iniciativas” da câmara.

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