Passos despede-se com discurso no arranque do congresso

Primeiro Passos, só depois falará Rui Rio - o novo líder. É a primeira vez desde o início das directas que um líder cessante fala na despedida.

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Miguel Manso

O ainda presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, vai 'despedir-se' dos militantes sociais-democratas no primeiro dia de trabalhos do Congresso do partido, na sexta-feira.

Fontes sociais-democratas confirmaram à Lusa que Passos Coelho discursará pouco depois da abertura do Congresso, marcada para as 21h00, e antes do presidente eleito Rui Rio se dirigir aos militantes.

Desde que foram introduzidas as directas no PSD, em 2006, com os militantes a escolherem o presidente do partido antes do Congresso, Passos Coelho será o primeiro presidente a dirigir-se aos militantes numa reunião magna já com o novo líder eleito.

Nestes últimos 12 anos, apenas Ferreira Leite teve ocasião de o fazer, pouco antes de terminar funções, um discurso em Congresso de balanço da sua liderança de dois anos, mas nessa ocasião o seu sucessor - precisamente Passos Coelho - ainda não tinha sido eleito pelos militantes do PSD.

Em 2007, quando Luís Filipe Menezes derrotou Marques Mendes, o atual comentador da SIC não compareceu no congresso de Torres Vedras e enviou uma mensagem que foi lida na abertura dos trabalhos a justificar a ausência.

"Com o novo regime estatutário, a transmissão de funções faz-se de imediato na data da eleição e já não em congresso. Desde 28 de setembro, deixei de exercer as funções de presidente do partido", afirmou Mendes, numa mensagem lida pela então presidente da Mesa do Congresso, Manuela Ferreira Leite.

Menos de um ano depois, o PSD tem novo congresso e uma nova líder, Manuela Ferreira Leite, que derrotou Passos Coelho e Santana Lopes, depois de Menezes se ter demitido da presidência do partido que exerceu durante apenas seis meses.

Nesse Congresso de Guimarães, Luís Filipe Menezes não esteve presente, justificando não estar em Portugal, e acrescentando que considerava "uma boa prática que um líder cessante não vá parasitar um congresso de afirmação do novo líder".

Em 2010, Manuela Ferreira Leite não se recandidata às directas que são ganhas por Pedro Passos Coelho, que derrota Paulo Rangel, Aguiar-Branco e Castanheira Barros.

Nessa ocasião, o PSD teve dois congressos em menos de um mês: o primeiro, em Mafra, uma reunião extraordinária, ainda antes das eleições directas e que serviu para promover o debate político entre os quatro candidatos e rever os estatutos do partido; e o segundo, em Carcavelos, de consagração do líder e de eleição dos novos órgãos nacionais.

Ferreira Leite falou no Congresso de Mafra, quando ainda não havia novo líder, e apenas na abertura da reunião magna, num discurso em que fez um balanço do seu mandato de dois anos como presidente do PSD.

Nessa ocasião, a ex-ministra das Finanças considerou que teve razão antes de tempo e que os portugueses foram enganados pelo PS, lamentando, por Portugal, que o PSD tivesse sido derrotado nas legislativas.

No Congresso seguinte, menos de um mês depois, mas já depois das directas, Ferreira Leite apenas marcou presença no último dia e para assistir ao discurso de encerramento do novo presidente Passos Coelho.

Pedro Passos Coelho é o segundo presidente do PSD com o mandato mais longo, quase 8 anos, atrás apenas de Aníbal Cavaco Silva, que presidiu ao partido durante dez anos, entre 1985 e 1995.

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