Suspeito de empurrar mulher para ravina diz que não a queria magoar

Incidente aconteceu após a mulher ter recusado um cigarro ao homem de 34 anos. Factos remontam a Abril do ano passado.

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Diogo Baptista

O homem que o Tribunal de Santa Maria da Feira começou a julgar nesta quarta-feira por ter empurrado para uma ravina uma mulher que lhe recusou um cigarro disse que não teve intenção de magoar a vítima, que acabaria por morrer. O arguido, a residir na Suíça, está acusado de um crime de ofensa à integridade física, agravada pelo resultado, e outro de omissão de auxílio.

“Nunca pensei que lhe pudesse causar ferimentos ou a morte. Aquilo foi tão rápido. Se fosse hoje, não fazia o mesmo. Ia-me embora”, disse o arguido, admitindo que agiu “de cabeça quente”, depois de a vítima o ter insultado e lhe ter batido.

Perante o colectivo de juízes, o homem de 34 anos disse que pediu um cigarro à vítima, que se encontrava embriagada, e esta começou a insultá-lo e a agredi-lo com murros e joelhadas nas costas, agarrando-o pela camisola. O arguido explicou ainda que teve de manietar a mulher para que esta parasse de lhe bater e depois levou-a até junto de um declive e deu-lhe um pequeno empurrão.

“Ela foi por lá abaixo, desequilibrou-se e caiu de frente. Depois, ainda se sentou com as pernas esticadas. Ficou ali uns cinco segundos e depois deixou-se cair para trás”, contou, adiantando que a vítima ficou deitada até à chegada dos meios de socorro.

Os factos remontam ao dia 10 de Abril de 2017, quando o arguido se encontrava com um grupo de amigos nas traseiras do edifício onde a vítima residia, na Rua das Ribeiras do Cáster, em Santa Maria da Feira. Segundo a acusação do Ministério Público (MP), a mulher desceu à rua para dar um cigarro à sua sobrinha e foi abordada pelo arguido que também lhe pediu um cigarro, mas esta recusou, começando a agredi-lo com pontapés e socos nas costas.

O arguido arrastou depois a mulher contra a sua vontade durante cerca de 15 metros até um terreno baldio e empurrou-a para uma ravina com um declive com cerca de 1,40 metros de altura. A mulher caiu desamparada batendo com a cabeça numa pedra e perdeu os sentidos, refere a acusação, dando conta que a mulher tinha 4,8 gramas de álcool por litro de sangue, e por via disso estava com “o equilíbrio diminuído e sem capacidade de reacção”.

O MP diz que o arguido agiu com o propósito concretizado de molestar o corpo e a saúde da vítima, provocando-lhe lesões, e que apesar de se ter apercebido de que aquela necessitava de assistência médica urgente, não prestou auxílio, acabando por ser a sobrinha da mulher a chamar os meios de socorro. A vítima foi transportada para o Centro Hospitalar do Entre Douro e Vouga, onde veio a morrer dois dias depois, em consequência das lesões sofridas.

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