Corpo de menina luso-descendente encontrado em local “bastante remoto”

O principal suspeito diz que morte da menina foi involuntária, mas recusa-se, por enquanto, a explicar as circunstâncias do incidente. Maëlys de Araújo foi vista pela última vez na madrugada de 27 de Agosto, numa festa de casamento em Pont-de-Bonvoisin, no sudeste de França.

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Maëlys de Araújo tinha nove anos e estava com a família numa festa de casamento GENDARMERIE NATIONALE/HANDOUT

As autoridades francesas encontraram esta quarta-feira o corpo de Maëlys de Araújo, a menina luso-descendente de nove anos desaparecida desde final de Agosto do ano passado. O principal suspeito é Nordahl Lelandais, um ex-militar de 34 anos, que já estava em prisão preventiva.

A busca pelo corpo da menina durou todo o dia. A queda de neve e o local “bastante remoto” onde o corpo foi deixado dificultou as operações, detalhou Jean-Yves Coquillat, procurador da República em Grenoble.

"A neve não facilitou o trabalho dos cães, mas eles permitiram que se descobrisse há poucos minutos um crânio de uma criança e um osso longo, não sei ainda de que parte do corpo", disse Jean-Yves Coquillat.

"Nordahl Lelandais disse que matou Maëlys involuntariamente e se livrou do corpo", acrescentou o procurador francês. "Ele matou a criança e enterrou-a num lugar perto de sua casa, voltou para o casamento, depois pegou no corpo novamente e levou-o para a floresta."

Até agora, "Nordahl Lelandais recusou-se a explicar como a morte ocorreu e disse que explicaria mais tarde", adiantou Jean-Yves Coquillat.

Durante o dia, Lelandais terá pedido para falar com as autoridades e estava a “cooperar”, avançava a agência de notícias France Presse (AFP). O homem foi levado para uma zona a cerca de dez quilómetros do local onde a menina terá desaparecido e, segundo o jornal Le Parisien, pediu para ser ouvido pelos magistrados depois de terem sido encontrados vestígios de sangue que pertencerão a Maëlys no porta-bagagens do seu carro.

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, segundo fonte do seu gabinete, está a “acompanhar os trágicos desenvolvimentos do processo, que se encontra sob a alçada das autoridades policiais francesas”.

Nordahl Lelandais levou a polícia ao local

Segundo informações avançadas pelo advogado do suspeito e pelas autoridades francesas em conferência de imprensa, foi o próprio Nordahl Lelandais que conduziu a polícia ao local. Alain Jakubowicz, o advogado, detalhou: “Quando ele escondeu o corpo, era noite. Ele não estava seguro de que iria encontrar esse lugar. Fomos por uma estrada, depois por outra. A dada altura, vimos que ele estava a relembrar o lugar. Claro que algumas pessoas pensavam que ele estava a enganar-nos. Quando ele indicou o lugar, começámos a descer todos e a certo ponto ele disse que queria regressar e colapsou de joelhos a chorar”. O advogado lamentou ainda o facto de "lhe chamarem um assassino em série quando não há provas".

Esta foi a primeira vez, desde que começaram as investigações, que Lelandais aceitou falar. Até aqui negou sempre qualquer envolvimento tanto no rapto como na morte de Maëlys.

Nordahl Lelandais, que foi acusado da morte de Maëlys em Setembro, é desde Dezembro o principal suspeito de outro homicídio, o do cabo Arthur Noyer, ocorrido em Abril. Está detido há cinco meses e, a 9 de Fevereiro, viu ser-lhe negado o pedido para aguardar o julgamento em liberdade por um tribunal de recurso de Grenoble.

O advogado da família de Arthur Noyer, Bernard Boulloud, disse entretanto à publicação francesa Dauphiné Libéré que "esta mudança na estratégia da defesa de Nordahl Leland dá esperança à família, que ainda está à espera da identificação do assassino do filho e das condições em que ele morreu". "No seguimento da sua confissão, esperamos que Nordahl Lelandais colabore da mesma forma com a justiça de Chambéry. Ele ainda é considerado inocente, mas há semelhanças perturbadoras nos procedimentos", acrescentou.

Recorda a revista semanal L’Obs que no centro da acusação contra este ex-militar estavam, até agora, imagens recolhidas por câmaras de vigilância. Uma delas mostra o ex-militar ao volante tendo a seu lado uma figura humana cujo rosto não é perceptível. A mãe de Maëlys identificou, no entanto, o vestido branco que a filha trazia naquela madrugada.

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