Assunção Cristas fica sem oposição interna no congresso do CDS

Filipe Lobo d’Ávila vai ao congresso mas sem moção alternativa. Deputado considera que o texto apresentado há dois anos se mantém válido.

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Filipe Lobo D'Ávila não apresenta moção ao congresso do CDS,Filipe Lobo D'Ávila não apresenta moção ao congresso do CDS DANIEL ROCHA,DANIEL ROCHA

Filipe Lobo d’Ávila, que liderou uma lista alternativa ao Conselho Nacional do CDS há dois anos, não irá subscrever uma moção no próximo congresso ao contrário do que aconteceu na última reunião magna dos centristas. O deputado justifica a decisão com o facto de a moção apresentada há dois anos estar “perfeitamente válida”.

Essa moção – intitulada “Juntos pelo futuro: Compromisso com as pessoas” – “era muito boa, tinha mais de 200 propostas e muito poucas foram aproveitadas pela direcção”, afirmou ao PÚBLICO o deputado. Não está em causa a participação do antigo secretário de Estado da Administração Interna no congresso. Filipe Lobo d’Ávila conta ir à reunião magna dos centristas, a 10 e 11 de Março, em Lamego, e dirigir-se aos congressistas. Quanto à apresentação de uma lista alternativa ao Conselho Nacional, o deputado ainda não quer revelar se avança com essa iniciativa.

No último congresso, a lista liderada por Lobo d’Ávila - da qual faziam parte nomes como os ex-deputados Raul Almeida (que tem sido o porta-voz do grupo) e Altino Bessa - conseguiu 23,8% dos votos (16 eleitos), o que surpreendeu os próprios. A posição assumida por este grupo foi encarada como um movimento da oposição a Assunção Cristas, que seria eleita líder do partido nesse dia, sucedendo a Paulo Portas.

Para já ainda há poucas moções conhecidas, uma vez que o prazo só termina no dia 23 deste mês. A Tendência Esperança em Movimento, corrente interna do partido, já divulgou a sua proposta e outras são esperadas, como a da distrital de Lisboa e a da Juventude Popular. Moção de estratégia global só haverá uma, a que será apresentada por Assunção Cristas, candidata à reeleição de líder do CDS.

Há dois anos, no congresso de Gondomar, na apresentação da moção, Filipe Lobo d’Ávila disse pretender um partido “comprometido com a sua identidade” mas “também um partido definido politicamente, um partido que saiba ser oposição a este Governo do PS” e “um partido que não se confunda com adversários nem se dilua em aliados.”

Desde então, neste grupo, tem sido Raul Almeida a dar voz às críticas à liderança de Assunção Cristas. Em Maio do ano passado, numa reunião do Conselho Nacional, a líder dirigiu-se aos dois centristas e censurou-os por usarem as redes sociais para a criticarem. A falta de rumo na liderança e a centralização dos esforços do partido na campanha em Lisboa foram algumas das farpas atiradas a Assunção Cristas. Os resultados do CDS nas autárquicas – sobretudo os de Lisboa – fizeram abrandar as críticas da oposição interna.

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