As linhas vermelhas no caminho de Rui Rio

Por carta ou em entrevistas, os mais críticos da nova liderança vão deixando recados e lançando desafios.

Santana Lopes e Pedro Pinto também deixaram desafios ao novo líder, cada um à sua maneira
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Santana Lopes e Pedro Pinto também deixaram desafios ao novo líder, cada um à sua maneira Miguel Manso
Passos diz que novo líder não deve excluir quem perdeu
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Passos diz que novo líder não deve excluir quem perdeu Daniel Rocha
Pinto Luz escreveu uma carta
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Pinto Luz escreveu uma carta NFS - NUNO FERREIRA SANTOS
Luís Montenegro diz que é preciso ganhar em 2019
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Luís Montenegro diz que é preciso ganhar em 2019 LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

Miguel Pinto Luz apresentou, por carta, uma lista de exigências ao líder eleito do PSD. Deixou claras as linhas vermelhas que, na sua opinião, Rui Rio não tem legitimidade para atravessar: “viabilizar o próximo Orçamento do Estado”; “estabelecer contactos, ou encontros informais e discretos, com a liderança do PS com o propósito de abordar a reedição do Bloco Central”; ou “fazer uma regionalização administrativa e opaca” a pretexto da descentralização; entre outras.

O ex-líder do PSD-Lisboa não foi o único a lançar desafios a Rio. Em entrevista ao Expresso, Pedro Santana Lopes disse que achava importante a clarificação pedida por Pinto Luz porque não concebe “que um líder eleito possa ter outra estratégia que não seja querer que o seu partido ganhe”. “Há legitimidade para liderar”, disse Santana. “Mas também há legitimidade para discordar e não faço tensões de renunciar a ela”.

Santana referiu ainda três desafios para 2019: Madeira, europeias e legislativas. E voltou a comentar a “política de coligações” do líder eleito para dizer que não defende que se funda “a água com o azeite” (a saber: PS com PSD).

A moção da distrital de Lisboa do partido, encabeçada por Pedro Pinto, vai na mesma linha da entrevista de Santana Lopes, defendendo que o PSD deve assumir-se como um “bloco de moderação” e “uma “opção clara contra o bloco liderado por António Costa.”

“É para clarificar a posição interna. Pode haver dúvidas na sociedade. Não é para condicionar o líder”, disse ao PÚBLICO Pedro Pinto, quando confrontado com os motivos por detrás da proposta. “Não se fazem desafios ao líder, mas acho que é uma matéria que vale a pena ser desenvolvida”, acrescentou.

A verdade é que ainda a campanha não tinha acabado e já Rui Rio sabia bem o que os mais críticos lhe exigiriam no day-after: vitórias eleitorais. O primeiro foi Luís Montenegro, que disse: “Faltam 21 meses para o PSD ganhar as terceiras eleições legislativas consecutivas”. Até lá, há que “construir uma alternativa”. Mais do que isto, Luís Montenegro só dirá no conclave.

O início desta semana acabou por ficar marcado pela entrevista de outro rosto pelo qual poderá passar o futuro do PSD: Pedro Duarte. Numa conversa muito marcada pelo tema da inovação e pela moção que apresenta ao congresso, juntamente com Carlos Moedas, o ex-líder da JSD não se coloca na oposição a Rio. Pedro Duarte é cauteloso nas palavras e não põe metas para as legislativas. Diz, aliás, que colocá-las seria deixar “uma casca de banana” no caminho do novo líder. E não vai mais longe.

Pedro Passos Coelho tem evitado comentários que possam ter leituras comprometedoras, mas já disse aos militantes que “a divisão do PSD acabou nas eleições” directas de 13 de Janeiro. O ainda líder reconhece que a iniciativa cabe a quem ganhou, mas assume, numa espécie de conselho para o novo presidente a empossar durante o congresso que começa na sexta-feira, que “não se pode excluir quem perdeu".

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