Secretário-geral da NATO diz que Portugal tem “margem” para gastar mais

Jens Stoltenberg nota crescimento económico do país e exorta ao cumprimento da meta estabelecida para 2024: destinar 2% do PIB a despesas militares. Portugal gasta 1,32%.

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Jens Stoltenberg na antevisão da reunião de ministros da Defesa da Aliança Atlântica Reuters/FRANCOIS LENOIR

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, defendeu nesta terça-feira que Portugal deve aproveitar o crescimento económico para gastar mais em Defesa e mostrou-se confiante de que todos os aliados possam atingir os 2% de investimento até 2024.

"Portugal começou a aumentar o orçamento da Defesa e vemos que, com o crescimento económico que está a registar, há mais margem para o aumento dos gastos em Defesa", disse, defendendo ainda que os aliados têm de investir mais e melhor neste sector.

O secretário-geral da NATO recordou que cada país apresentou um plano para atingir o compromisso estabelecido em 2014, quando, na cimeira da Aliança Atlântica, realizada no País de Gales, os aliados se comprometeram a, no espaço de dez anos (até 2024), destinar 2% do Produto Interno Bruto a despesas militares. Actualmente, Portugal canaliza 1,32% do PIB para este sector.

Jens Stoltenberg congratulou-se ainda pelo crescimento de 5% alcançado em 2017 no investimento dos aliados na organização, lembrando que o reforço é "muito maior" do que se poderia pensar em 2014. "Depois de anos de queda, desde 2014 que assistimos ao crescimento no investimento em Defesa por toda a Europa. Os planos nacionais demonstram que podemos esperar um crescimento ainda maior. Este ano, esperamos que oito aliados atinjam o objectivo dos 2%, e que até 2024 outros 15 países o façam", enunciou em conferência de imprensa, na sede da organização, em Bruxelas.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte considerou que este é "um progresso substancial", mas sublinhou que ainda há um longo caminho a percorrer.

Questionado sobre se o reforço do investimento em Defesa da União Europeia, nomeadamente através do Fundo Europeu de Defesa e da PESCO (Cooperação Estruturada Permanente nas áreas da defesa e segurança na Europa), pode levar a entidade comunitária a competir com a NATO, Stoltenberg foi peremptório: "Os esforços da UE na Defesa vão ser complementares à NATO. Vão ser uma alternativa, não vão competir com a NATO. Penso que esse esforço pode fortalecer a NATO, a Europa e a UE. Ao fortalecermos o pilar da defesa na Europa, estamos a fortalecer a NATO".

O secretário-geral, que falava na antevisão da reunião de ministros da Defesa da Aliança Atlântica, que vai decorrer quarta e quinta-feira, em Bruxelas, recordou que "mais de 90% das pessoas que vivem na UE fazem parte da NATO". "Os nossos aliados estão cientes que a sua defesa depende da NATO, sobretudo depois do 'Brexit'. 80% das nossas forças militares depois da saída do Reino Unido [da UE] virá de países não comunitários. Não há forma de a UE substituir a NATO, mas o maior investimento na defesa vai fortalecer o pilar da defesa da Europa. Os nossos aliados asseguraram-nos que não querem duplicar a NATO. Isto foi-nos reiterado pela UE, nas várias conversas que tivemos", sublinhou.

Para Stoltenberg, é preciso "evitar novas barreiras dentro da NATO", pelo que uma indústria da defesa comunitária mais competitiva seria bem-vinda.

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