“Não queremos ditar aos outros europeus como se devem desenvolver”, diz o potencial sucessor de Schäuble

Olaf Scholz, o social-democrata que poderá ser o ministro das Finanças alemão, mostra diferenças em relação ao seu antecessor. Mas também semelhanças: “o limite do défice é válido também para nós”.

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Olaf Scholz promete um estilo diferente na política europeia HAYOUNG JEON/EPA

O político que poderá ser o novo ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, já deu uma impressão do quão diferente, mas também quão semelhante, poderá vir a ser em relação ao seu antecessor, Wolfgang Schäuble, que deixou a sua marca no cargo.

Se os militantes sociais-democratas aprovarem o acordo de coligação com os conservadores da CDU de Angela Merkel, Scholz diz que mantém o objectivo, quase fetichista para os críticos, de ter orçamentos sem défice, como Schäuble. Apesar de muitos no SPD defenderem uma elasticidade para permitir mais investimento, Scholz disse, em entrevista à revista Der Spiegel, que “os sociais-democratas defendem finanças sólidas”, e questionado sobre se o SPD quer manter o “zero negro” (um orçamento sem défice ou com excedente), respondeu: “Sim, isso também é válido para nós”.

Já uma grande diferença pode ser vista no discurso europeu. A uma pergunta sobre o que fazer da política de austeridade ditada por Schäuble e da sua recusa pelo candidato Martin Schulz (à data da entrevista ainda seria o potencial ministro dos Negócios Estrangeiros), Scholz respondeu: “Não queremos ditar aos outros países o modo como se devem desenvolver. Nesse campo foram certamente cometidos erros no passado”.

Mas se se espera uma mudança de estilo, muitos sublinham que Scholz não vai de repente decidir “abrir a torneira” do financiamento alemão, como disse o deputado social-democrata Jens Zimmermann ao diário britânico Financial Times.

E, como sublinha o jornalista especialista em política europeia do Wall Street Journal Marcus Walker no Twitter, apesar das menções à Europa o próximo governo alemão deverá estar centrado na política interna.

O partido drama queen

Mais, o SPD, o partido “drama queen” da política alemã, como lhe chamou o analista Milan Nic, do centro de estudos internacionais German Council on Foreign Relations (DGAP, na sigla em alemão), está centrado em controlar os danos de uma série de acções - de entrevistas de altos responsáveis (Sigmar Gabriel, o MNE actual, criticando Schulz), ou de políticos menos importantes (a irmã de Martin Schulz foi ouvida pelo jornal Die Welt criticando o foco das críticas do partido ao irmão), passando pela decisão de Schulz abdicar de ocupar o MNE.

Há cada vez mais analistas a alertar que é tudo menos certo que a decisão dos membros do SPD, que vão votar em referendo sobre o acordo de coligação, seja um “sim”.

As concessões mais importantes obtidas pelo SPD foram em cargos e não em política, e para a base, a política costuma ser o mais decisivo. Como sublinha Marcus Walker, “a votação para aprovar ou reprovar pode ter qualquer um dos resultados”. O veredicto deverá ser conhecido dia 4 de Março.  

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