O dia em que Marilyn Monroe foi ao futebol

A actriz foi a “estrela” convidada de um jogo entre uma equipa israelita e uma selecção de jogadores norte-americanos.

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Há muitas imagens marcantes e icónicas da vida curta e turbulenta de Norma Jeane Baker, que o mundo conheceu como Marilyn Monroe, desde a capa do primeiro número da revista Playboy, ao vestido branco soprado pernas acima em O Pecado Mora ao Lado, as fotografias coloridas por Andy Warhol, Marilyn e o deserto do Nevada a preto e branco em Os Inadaptados, o seu último filme completo. Menos marcante e menos icónica é a imagem de Marilyn, de saltos altos, a dar um pontapé numa bola de futebol. Foi menos que uma nota de rodapé na sua vida, mas aconteceu.

O futebol não é a conexão desportiva mais óbvia da vida de Marilyn Monroe. Um dos seus casamentos foi com Joe DiMaggio, um dos grandes jogadores de basebol da história, nove vezes campeão da Major League Baseball pelos New York Yankees. Também esta união, como outras, foi curta e problemática. O casamento apenas durou um ano, embora os dois se tenham reaproximado nos últimos anos da vida da Marilyn – foi DiMaggio quem tratou do funeral depois da morte da actriz, em 1962.

Foi nos anos 1950 que Marilyn se tornou na loira platina, ingénua e objecto de desejo para os homens, uma imagem cristalizada em filmes como Os Homens Preferem as Loiras (em que os diamantes são os melhores amigos das raparigas), Como se Conquista um Milionário ou O Pecado Mora ao Lado. Foi este estereótipo que se passeou durante alguns minutos minutos a 12 de Maio de 1957 no Ebbets Field, em Nova Iorque, para dar o pontapé de saída de um jogo entre um combinado de duas equipas de Telavive, o Maccabi e o Hapoel, e uma equipa de “estrelas” do futebol norte-americano.

Ebbets Field é, por direito próprio, um estádio que está na história do desporto novaiorquino. Era a casa dos Brooklyn Dodgers, uma das grandes equipas do início do século no basebol norte-americano e a primeira a ter um jogador negro (Jackie Robinson). Poucos meses depois da visita de Marilyn, os Dodgers fariam o seu último jogo em Brooklyn, antes de se mudarem para a Costa Oeste, para Los Angeles, por vontade do dono da equipa. Esse último jogo, a 24 de Setembro de 1957, teria apenas 6702 espectadores.

Mais de 22 mil estavam numa tarde de Maio desse ano para ver um jogo de futebol, numa altura em que o futebol era pouco mais que um desporto marginal nos EUA. Ou seja, é bem provável que não fosse nenhuma das equipas o principal chamariz para este jogo que servia, basicamente, para recolher fundos para Israel. Os espectadores, quase todos judeus segundo um artigo do jornal Haaretz, estavam lá para ver Marilyn em todo o seu esplendor e, provavelmente, para ver uma actuação de Sammy Davis Jr. ao intervalo, não para ver um jogo sem qualquer relevância competitiva, mas que teve uma dezena de golos – ficou 6-4 para a equipa israelita.

Foi uma ocasião com pompa e circunstância. Um Cadillac descapotável com Marilyn liderava uma parada que incluía polícias, militares, bombeiros, escuteiros e políticos. A parada entrou pelo Ebbets Field, Marilyn, de vestido azul e uma rosa branca pendurada no decote, acenava à multidão e a multidão respondia. Depois, o simbólico pontapé de saída (na verdade, três, por causa dos fotógrafos).

O momento teve algum eco internacional. Uma revista britânica de futebol, por exemplo, tinha Marilyn na capa. “Contratem-na”, aconselhava a Soccer Star a quem andasse à procura de um avançado-centro, e quem a contratasse, acrescentava a publicação, nunca mais iria “pensar na quebra do número de espectadores”. Rodeada de jogadores de ambas as equipas e algumas figuras importantes da cidade a fazerem-se à fotografia, Marilyn, com saltos de oito centímetros de altura semi-enterrados na relva, colocou o pé direito debaixo da bola, levantou-a a uma altura razoável e quase caiu de costas, mas aguentou-se em pé. Sempre sorridente, recebeu vários ramos de flores, posou para mais umas quantas fotografias e foi-se embora.

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