GP17, uma espécie de carro de corrida com assinatura do Técnico

Construído por alunos do Instituto Superior Técnico de Lisboa, o veículo GP17 venceu um prémio de engenharia e design da Siemens e ficou em 6.º lugar na competição F24+, da Greenpower. Prepara-se agora para uma nova temporada

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PSEM

Chama-se GP17 e é o mais recente projecto deste núcleo de estudantes do Técnico de Lisboa. No ano passado, venceu o Siemens Engineering and Design Award pela terceira vez consecutiva e alcançou o 6.º lugar na final da F24+, da Greenpower, uma competição internacional, apoiada pela Siemens, em que estudantes de todo o mundo são convidados a desenvolver um protótipo de carro de corrida, testando os seus conhecimentos de engenharia e tecnologia. 

Tudo começou com um telefonema. João Dias, professor do Instituto Superior Técnico de Lisboa e representante da Siemens, foi contactado pela Greenpower, que manifestava abertura à participação na sua competição. Sabendo da existência de um grupo de alunos com (pré) disposição para colocar mãos à obra, a ideia avançou em 2013 e o Projecto de Sustentabilidade Energética Móvel (PSEM) entrou nas provas no ano seguinte — levaram o GP14 e tornaram-se assim nos primeiros portugueses a participar na prova. 

Inês Agulheiro, na equipa há dois anos e agora coordenadora do projecto, conta que de ano para ano as ambições têm aumentado, mas nunca de forma irreal: "O desafio do primeiro ano foi ter o carro, o desafio do segundo ano foi ter um carro que conseguisse participar na prova, o do terceiro ano foi melhorar a nossa prestação e no ano passado, que foi o nosso quarto ano, conseguimos o sexto lugar — que é um lugar já com bastante destaque. O objectivo para a próxima prova é conseguirmos um lugar no pódio", conta a responsável, que assegura que nada está garantido.  

Mas, afinal, o que é que este veículo eléctrico tem de especial? "O que o GP17 tem de diferente dos nossos protótipos anteriores é que, em vez ser um carro constituído por um chassis e por uma carroçaria, é constituído por um monocoque, ou seja, uma estrutura em fibra de carbono que é suficientemente resistente para conseguir suportar toda a estrutura do carro", explica a coordenadora do projecto. A verdade é que o veículo se destacou dos restantes 31, conseguindo trazer para o Técnico de Lisboa, uma vez mais, o Siemens Engineering and Design Award, atribuído à equipa com o melhor projecto de engenharia presente na final internacional da Greenpower, que aconteceu no fim do ano passado, no Reino Unido. 

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A equipa e o carro de 2014 PSEM

Por outro lado, em termos do desempenho nesta mesma prova, na categoria F24+, onde os portugueses competem com universidades de outros países, a equipa ficou colocada em sexto lugar. Mas desengane-se quem pensa que esta é uma prova de Fórmula 1 para estudantes. Aqui o que importa não é a velocidade. Todos os participantes têm à disposição apenas duas baterias de 12 volts e o mesmo motor, por isso os únicos trunfos que podem ter na manga relacionam-se com a aerodinâmica do protótipo, o sistema de transmissão e de direcção e o próprio peso do dispositivo. "Eu diria que esta é uma corrida de resistência. O objectivo é conseguirmos andar mais depressa numa hora, mas não podemos gastar as baterias antes do tempo, se não somos desclassificados", explica Inês.

Para a temporada que se avizinha, a coordenadora do PSEM diz que alguns pormenores já estão talhados. Como será a nova versão do veículo? "A nível da electrónica estamos a tentar projectar o nosso próprio controlador e, de um modo geral, a tentar aumentar a resistência do nosso sistema electrónico. Também estamos a fazer alguns ajustes no sistema de direcção do próprio protótipo e, em termos de aerodinâmica, vamos fazer poucas alterações, uma vez que estamos satisfeitos com o nosso monocoque."

Ainda assim, o principal objectivo da equipa, sublinha Inês Agulheiro, é e será sempre tentar "melhorar de ano para ano". 

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