Demorou três dias, mas surgiu a resposta pública. Um dos maiores apoiantes de Rui Rio em Lisboa – Rodrigo Gonçalves – respondeu à carta dura que Miguel Pinto Luz dirigiu ao líder eleito do PSD e acusou-o de ser responsável, a par do actual líder do PSD-Lisboa,  pelos “maus resultados” do partido nas eleições autárquicas da última década e de querer um partido de “segunda linha”.

Numa carta enviada esta quinta-feira aos militantes de Lisboa – a que o PÚBLICO teve acesso – o ex-líder interino da concelhia de Lisboa e colaborador de Rui Rio na campanha das directas ironiza que as preocupações de Pedro Pinto e de Miguel Pinto Luz sobre “o impacto eleitoral de eventuais acordos com o PS” são “um bom sinal, à luz dos maus resultados eleitorais que a estratégia” de ambos tem produzido. Rodrigo Gonçalves recuou dez anos na área metropolitana de Lisboa para lembrar que, sob a liderança daqueles dois sociais-democratas, o PSD perdeu votos e “influência” no distrito desde as autárquicas de 2005.

Segundo Rodrigo Gonçalves, que foi líder da concelhia de lisboa até Janeiro, depois da demissão de Mauro Xavier, o PSD perdeu 126.789 votos nesse período de tempo. “Em dez câmaras municipais tínhamos cinco presidências e dessas perdemos três. Perdemos 34 mandatos de vereador e mais umas dezenas de presidências de junta. Perdemos a posição dominante e de influência junto do eleitorado metropolitano. E, pela primeira vez, ficámos atrás do CDS em Lisboa. Já para não falar da derrota histórica nas autárquicas de 2013 em Sintra”, lê-se na carta que assinou como militante de base. E concluiu: “Pior era difícil”.

A farpa é dirigida não só a Pinto Luz, que liderou a distrital durante seis anos, como como ao actual líder do PSD-Lisboa, Pedro Pinto. Este apoiante de Pedro Santana Lopes apresenta uma moção ao congresso que exige que o PSD rejeite alianças com o PS. Rodrigo Gonçalves tenta desvalorizar a posição de Pinto Luz e Pedro Pinto, comentando que “quem perde assim” dificilmente verá os seus conselhos terem “seguidores”. Para Rodrigo Gonçalves, a estratégia defendida pelos dois sociais-democratas pode levar a que o PSD “se transforme a nível nacional num partido de segunda linha, como acontece na área metropolitana de Lisboa (Norte).”

Com esta resposta, a menos de duas semanas do congresso do PSD, Rodrigo Gonçalves visa não só rebater a tese defendida na moção de Pedro Pinto (e que era a dos apoiantes de Santana Lopes) como responder à carta de Miguel Pinto Luz, que exige a Rui Rio a vitória nas legislativas. O vice-presidente da Câmara de Cascais defende que o mandato agora conquistado pelo líder eleito do PSD não lhe permite “contactos informais” com o PS, para eventuais acordos com os socialistas. A carta, que pedia a Rio para rever a moção de estratégia global, suscitou reacções de desvalorização por parte dos apoiantes do líder eleito. Agora, Rodrigo Gonçalves veio a público fazer a defesa de Rui Rio.