Governo turco lança aplicação baseada no WhatsApp e avança com detenções

As autoridades garantem que a aplicação de troca de mensagens é mais segura do que a original e que não existe violação de privacidade. Desde o início desta semana foram detidas 573 pessoas, das quais 449 são internautas acusados de “propaganda terrorista” por comentarem a presença do exército turco na Síria.

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A aplicação PTT Messenger destina-se por enquanto apenas aos funcionários públicos SEDAT SUNA/EPA

O Governo da Turquia lançou uma aplicação para troca de mensagens instantâneas, em tudo semelhante ao WhatsApp. No entanto, esta aplicação é controlada pelo Governo, que argumenta ser uma opção “100% nacional e autêntica” e “muito mais segura” do que a original [WhatsApp].

Nesta primeira fase, a aplicação PTT Messenger não está ainda disponível para toda a população turca, destinando-se apenas aos funcionários públicos. De acordo com as autoridades turcas, os utilizadores não têm razões para se preocupar com a privacidade, uma vez que os dados "não serão armazenados", garante o porta-voz do Governo, Bekir Bozdag.

Não obstante, no início desta semana já foram detidas 573 pessoas, das quais 449 são internautas acusados de “propaganda terrorista” por comentarem a presença do exército turco na Síria, conta uma correspondente do diário francês Le Monde em Istambul. A sentença poderá ir desde uma multa a uma pena de prisão.

Esta não foi a primeira vez que a Turquia interferiu nas redes sociais e censurou a liberdade de expressão. Ainda em Novembro de 2016, o WhatsApp tinha sido bloqueado pelo Governo turco. A par desta aplicação foram também bloqueados o Facebook, Twitter e YouTube, o que aconteceu horas depois de dois líderes e pelo menos 13 deputados do partido pró-curdo do HDP (Partido Democrático do Povo) terem sido detidos.

À data, o primeiro-ministro turco Binali Yildirim não confirmou que o bloqueio fosse das autoridades turcas, mas não afastou a responsabilidade e reconheceu que recorrer a essas medidas é uma situação possível “por razões de segurança”.

Em 2014, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan mandou encerrar o Twitter na Turquia. Em 2017, a censura chegou aos utilizadores da enciclopédia colaborativa online Wikipédia.

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