Soldados de terracota estão em Inglaterra graças à popularidade do Liverpool FC

Estátuas milenares integram “exposição blockbuster” em parte porque na China há mais de um milhão de adeptos do clube. Ministro britânico conta com impulso no turismo.

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Não é a primeira vez que os soldados de terracota, as mais de oito mil estátuas com 2200 anos que fazem parte da guarda do túmulo do imperador Qin Shihuang, saem da China. Desta vez rumam a Liverpool, onde uma guarnição de dez estátuas originais integrará a maior exposição de artefactos chineses em Inglaterra. E porquê em Liverpool? Porque o clube da cidade, o Liverpool FC, é muitíssimo popular na China.

“Há mais de um milhão de fãs do Liverpool [FC] na China, mais do que no Reino Unido”, disse ao Guardian Wu Haiyun, o responsável pelo projecto que resultou numa grande mostra no World Museum de Liverpool, e que é funcionário do centro governamental de promoção do património chinês. China's First Emperor and the Terracotta Warriors abre ao público esta sexta-feira e estará no museu da cidade dos Beatles – “não são muito conhecidos na China”, avisou Wu – até Outubro.

A exposição contará com dez guerreiros de terracota (cada um pesa 300 quilos) e um cavalo da cavalaria, todos em tamanho real, além de 180 artefactos de cerca de mil anos de história chinesa, focados ainda assim no seu primeiro imperador, Qin, e tendo como estrela o projecto monumental que hoje é património mundial da UNESCO – e que é coevo do projecto da Grande Muralha da China. Qin Shihuang, que criou um código penal, estabeleceu uma moeda e uma língua escrita únicas e introduziu sistemas de medição standard, foi o primeiro imperador a unificar a China e a sua dinastia durou entre 221 e 206 a.C..

Até agora são conhecidas três valas com mais de 2000 estátuas cada, todas com rostos diferentes – serão cerca de 8000 figuras. Foram descobertas em 1974 e continuam a ser escavadas e estudadas. O trabalho em torno das emblemáticas esculturas é apenas uma amostra do que terá sido realizá-las: cerca de 700 mil pessoas criaram o mausoléu, uma verdadeira cidade composta por casas, palácios, estábulos ou oficinas.

A importância dos soldados de terracota faz com que sejam tanto amplamente protegidos quanto requisitados para mostras deste tipo – e habilmente geridos por Pequim. Há dez anos, alguns deles estiveram no British Museum, tendo sido visitados por 850 mil pessoas (segundo a Reuters, foi a segunda exposição mais visitada de sempre do museu enciclopédico, só suplantada pela mostra dedicada a Tutankhamon). Anualmente algumas são emprestadas a um par de museus, tendo já passado por Santiago do Chile, por várias cidades norte-americanas, espanholas ou italianas, bem como pela Índia.  

Descrita pelo Guardian como uma “exposição blockbuster”, China's First Emperor leva então os soldados de terracota pela segunda vez ao Reino Unido e chega à cidade cujo futebol é tão admirado na China também porque Liverpool alberga uma das mais antigas comunidades chinesas em toda a Europa, como disse àquele diário David Fleming, director dos National Museums of Liverpool, que garante que a mostra é mais ambiciosa do que a realizada no British Museum. Já foram vendidos 141 mil bilhetes para a exposição.

O ministro da Cultura britânico, Matt Hancock, disse, citado pela agência estatal chinesa Xinhua, que a vinda dos guerreiros “é uma verdadeira prova da força da relação cultural Reino Unido-China: "Esta exposição vai impulsionar o turismo para a região e atrair visitantes do Reino Unido e da Europa."   

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