Vem aí uma aparente edição diferente da Sports Illustrated

A revista norte-americana divulgou algumas imagens das modelos que vão compor a nova edição. Este ano quer apresentá-las de uma forma diferente.

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Instagram, @si_swimsuit
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No rescaldo do escândalo de assédio sexual de Hollywood e dos movimentos #MeToo e Time's Up, tem havido muito debate acerca da forma como os media retratam as mulheres, tanto nas produções de moda, como na passadeira vermelha. Houve até o surgimento da iniciativa #AskHerMore – que incentiva os jornalistas a perguntarem às celebridades mais do que as suas escolhas de roupa. É relevante saber, então, qual o próximo passo de uma das publicações que mostram mulheres de forma sensual mais famosas: a edição de fatos-de-banho da revista desportiva Sports Illustrated.

A edição de 2018 – que chega às bancas a 13 de Fevereiro – inclui atletas, textos de modelos e várias mensagens de diferentes causas.

De acordo com a Vanity Fair, a decisão de incorporar a visão criativa das modelos já vinha a ser planeada desde meados de Abril do ano passado. "Estou muito entusiasmada por este movimento estar a acontecer porque sinto que vai mudar as coisas para melhor", comenta a editora da Sports Illustrated Swimsuit, MJ Day.

A revista inclui uma produção a nu (com as partes íntimas cobertas), com modelos como Paulina Porzikova e Christie Brinkley, que escolheram as palavras que queriam pintar no seu corpo e puderam ter controlo criativo das imagens. Foram também fotografadas por uma equipa exclusivamente feminina. Day fez até questão de abandonar o set, para não influenciar a escolha criativa das modelos.

O objectivo: usar imagens que as pessoas esperam da Sports Illustrated para mudar atitudes em relação às mulheres. Algumas das modelos assumiram inclusive outros cargos: Sailor Brinkley-Cook, que é estudante de fotografia, foi convidada a fazer parte da equipa de produção; enquanto Robyn Lawley foi realizadora de um vídeo de bastidores.

Em entrevista ao programa "Good Morning America", Day resume a ideia por detrás desta edição como "uma mistura daquilo que sempre fomos – celebrar a beleza –, mas também uma plataforma que dá às mulheres a confiança para se amarem a elas próprias". A editora comenta ainda que vê uma ligação entre o seu trabalho e o movimento #MeToo: "Tem a ver com permitir às mulheres existirem sem serem assediadas ou julgadas, independentemente de como se que querem apresentar", diz à Vanity Fair

Katherine Blakeman, directora de comunicações do National Center on Sexual Exploitation, com sede em Washington, defende, num artigo de opinião para o site Townhall, que é preciso alguma acrobacia para considerar que a edição de 2018 da Sports Illustrated dá poder às mulheres, dada a forma como invariavelmente as apresenta como "objectos sexuais".

"Os homens que vão comprar a revista não estão interessados nos interesses delas, na sua voz ou na ideia de terem uma plataforma para se expressarem", atira. "Nenhuma mistura dessa objectificação com entrevistas sobre os interesses destas mulheres vai mudar a experiência masculina de consumi-las visualmente como um produto unidimensional. Não se pode humanizar algo que é fundamentalmente desumanizador", considera.

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