CDU e SPD acrescentam mais um dia às conversações para a coligação

Ambos os blocos políticos acordaram que será necessário mais tempo para chegar a um consenso, afirmaram fontes do partido esta segunda-feira.

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Schulz disse no Twitter que o acordo incluía “mais investimento, um orçamento de investimento para a Zona Euro e o fim da austeridade forçada” LUSA/HAYOUNG JEON

Os conservadores da chanceler alemã, Angela Merkel, e os sociais-democratas do SPD planeiam continuar as negociações esta terça-feira. Os dois partidos estão a ter dificuldades em chegarem a um consenso nas questões relacionadas com as reformas na área da saúde e do trabalho – os obstáculos finais para um acordo de governo de coligação.

Ambos os blocos políticos estão de acordo em que será necessário mais tempo para chegarem a um entendimento, afirmaram fontes do partido na segunda-feira à noite. O calendário inicial das negociações previa que estas fossem concluídas no domingo.

Os membros mais antigos dos dois partidos tentaram limitar as diferenças, mas não foram capazes de chegar a um acordo no que diz respeito às reformas na saúde. A última reunião feita na sede do SPD terminou mas há-de continuar agora na sede dos conservadores de Merkel, em Berlim, na terça-feira.

Os partidos estão a tentar chegar a um acordo que permita renovar a coligação CDU/CSU-SPD, que deu suporte ao governo alemão desde 2013, e pôr fim a meses de incerteza política, tendo em conta que as legislativas de 2017 deram a vitória à CDU mas sem uma maioria significativa.

A outra possibilidade de coligação maioritária, juntando os conservadores (CDU/CSU), liberais (FDP) e Verdes (nunca tentada a nível nacional), falhou quando os liberais se retiraram em Novembro dizendo que havia demasiadas incompatibilidades entre os partidos. A demora na formação de um Governo - as eleições foram já em Setembro - é inédita na Alemanha do pós-guerra.

Ambos os lados expressaram, no entanto, confiança de que um acordo ainda seria possível. “Vai resultar”, disse Andrea Nahles, do SPD, na segunda-feira de manhã, quando chegava à sede do partido para as negociações. Gerd Mueller, membro sénior da CSU, o partido gémeo da CDU na Baviera, também se mostrou optimista: “Acho que é desta que vai acontecer.”

Segundo o jornal Rheinische Post, Angela Merkel, o líder dos aliados bávaros, Horst Seehofer, e o líder do SPD, Martin Schulz, tencionam apresentar o acordo final de coligação nesta terça-feira.

Os partidos já concluíram as conversações sobre a questão europeia, num claro sinal de progresso. Schulz disse no Twitter que o acordo incluía “mais investimento, um orçamento de investimento para a Zona Euro e o fim da austeridade forçada”.

Os partidos concordaram que iriam procurar um imposto para empresas mais justo na Europa, que incluísse os gigantes da Internet como a Google, Apple, Facebook e Amazon, acrescentou.

Porém, Schulz não fez referência específica, na sua mensagem, a planos para lutar por mais poderes e responsabilidades no Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE), o fundo de resgate da Zona Euro, tal como se previa no primeiro plano da coligação, aprovado a 12 de Janeiro. Alguns conservadores consideram que apressar a integração europeia pode criar um fardo demasiado grande para os contribuintes alemães.

O SPD fez da justiça social e da reforma da União Europeia prioridades durante a campanha para as eleições de Setembro, comprometendo-se, no seu manifesto, a trabalhar por “uma Europa melhor e mais justa”. No entanto, a mensagem não resultou junto do eleitorado e o SPD teve o seu pior resultado desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o que levou Schulz a garantir que ficaria na oposição.

Mas depois de ser a única alternativa para um governo minoritário e sob pressão do Presidente, Frank-Walter Steinmeier, Schulz mudou de opinião - mas nem todos no partido o acompanharam, especialmente a ala jovem dos sociais-democratas, que está a fazer campanha activamente contra uma "grande coligação".

Agora, o partido está a tentar obter algumas concessões na política doméstica, que serão necessárias para convencer os membros do partido que vão votar, em referendo, sobre um acordo de coligação. 

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