Rui Moreira diz não ter razões para se preocupar com Estação de S. Bento

Presidente da Câmara do Porto diz que processo está a desenvolver-se "da melhor forma" e que não quer proibir nada sem conhecer o projecto de Souto de Moura

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O projecto de Souto de Moura para a Time Out destina-se à ala Sul da estação Hugo Santos/Arquivo

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, está confiante que o projecto que a Time Out encomendou ao arquitecto Eduardo Souto de Moura para a Estação de S. Bento está “a ser tratado da melhor forma”, pelo que, disse na reunião do executivo desta terça-feira: “Até ao momento, não temos razões para nos preocuparmos”.

O autarca respondia a uma intervenção do socialista Manuel Pizarro, que pediu ao executivo que tivesse “uma intervenção muito cuidadosa e atenta nesta matéria”, defendendo que qualquer projecto para a estação classificada como imóvel de interesse público e inserida na zona distinguida como Património da Humanidade pela Unesco deve “ter uma avaliação à luz do PDM [Plano Director Municipal]”. “Não tenho uma visão imobilista do património, mas queremos uma intervenção desmesurada ali para instalar restaurantes?”, questionou o vereador do PS, insistindo, pouco depois: “A cidade quer uma intervenção profunda em S. Bento para cafés e restaurantes?”

Na semana passada o Bloco de Esquerda questionou o Ministério da Cultura sobre o projecto de Souto de Moura que, segundo esta força política, implicaria a construção de uma torre com seis pisos e cerca de 18 metros de altura. A estrutura, inspirada nas antigas torres de água que se viam junto a algumas estações ferroviárias, deverá ter instalada no topo uma zona para restaurantes. O projecto não foi ainda apresentado publicamente, mas o presidente da Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), José Carlos Nascimento, confirmou ao PÚBLICO que deu entrada neste organismo, em Agosto, um pedido de informação prévia da Time Out relativo a este projecto. Na mesma altura, o responsável da SRU garantiu que esta não tomará qualquer posição sobre a intervenção em S. Bento sem obter o acordo prévio da Câmara do Porto.

Esta terça-feira, Rui Moreira saudou esta posição, referindo: “O senhor presidente da SRU entendeu e bem que neste caso nada fará sem que a câmara se pronuncie. Creio que estamos no bom caminho e de certeza que o projecto será avaliado à luz de um conjunto de constrangimentos, seja do PDM seja da qualidade do projecto”.

O autarca não foi mais longe nos comentários e irritou-se quando Ilda Figueiredo, da CDU, disse que os comunistas estavam “profundamente contra este tipo de intervenção na Estação de S. Bento”, referindo-se ao projecto em desenvolvimento como “um centro comercial”. “Não acredito que o arquitecto Souto de Moura alguma vez admita construir um centro comercial na Estação de S. Bento. Não me parece adequado estarmos a falar num suponhamos, só porque uma força política que nem está aqui representada, diz que é assim”, disse.

A primeira proposta da Time Out para a estação ferroviária foi retirada pelo próprio grupo empresarial depois de Rui Losa, na altura vereador na câmara e representante da autarquia na SRU (função que ainda desempenha) ter dito que era “inqualificável” querer aumentar a área de S. Bento no âmbito da requalificação. Agora, Rui Moreira mostra-se bem mais tranquilo em relação à proposta que está a ser desenhada e assume uma atitude de esperar para ver. “Não nos devíamos precipitar com uma medida proibicionista face a um projecto que não conhecemos”, defendeu.

IPP tem de cumprir protocolo

O presidente da Câmara do Porto admite que a antiga escola primária José Gomes Ferreira possa reverter, de novo, para o município, caso o Instituto Politécnico do Porto (IPP) não cumpra o que está estipulado no protocolo entre as duas partes e que é que aquele espaço acolha o mesmo projecto que estava na Rua da Alegria, a Fábrica. Numa resposta à vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, o autarca garantiu: “A única questão que existe é que a cedência foi feita com um determinado propósito e teremos que esperar para ver se ele está a ser cumprido”, disse, acrescentando: “Teremos que pesar se teremos que pedir a reversão ou não”.

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