O contraste entre Guantánamo, a prisão americana, e Guantánamo, a cidade cubana

Bolas de futebol no interior do centro de detenção da base naval / Um jogo de futebol entre jovens cubanos na cidade Reuters/CARLOS BARRIA
Fotogaleria
Bolas de futebol no interior do centro de detenção da base naval / Um jogo de futebol entre jovens cubanos na cidade Reuters/CARLOS BARRIA

De um lado, uma cidade com cerca de 217 mil habitantes. Do outro, uma base militar com mais de cinco mil elementos e 41 pessoas detidas. Entre Guantánamo, a cidade no sudeste de Cuba, e Guantánamo, a base norte-americana na ilha, há uma distância maior do que os cerca de 30 quilómetros que as separam.

Há uma semana, no discurso do Estado da União, Donald Trump reforçou a decisão de manter a prisão de Guantánamo aberta, contrariando em definitivo os esforços do anterior Presidente, Barack Obama, de encerrar aquela unidade de detenção amplamente condenada por organizações de direitos humanos.

A cerca de três dezenas de quilómetros de distância, a cidade e a base naval são dois mundos distintos. As estações de rádio surgem como exemplo imediato dessa separação. Na cidade, escuta-se a Radio Reloj, gerida pelo estado cubano, onde se promove a cultura do país e se exaltam as virtudes de um nadador da ilha com apenas 20 anos e que se qualificou para os campeonatos mundiais de natação. Na base norte-americana, a Radio Gitmo apela aos expatriados. Ouvem-se dicas acerca da quantidade de álcool recomendada para beber após o jantar ou avisos sobre os efeitos negativos de alimentar a população de iguanas da baía.

A cor da cidade — com os seus autocarros e casas com portas pintadas num azul vibrante — contrasta com o ambiente austero das celas sem janelas da prisão contida na base. Enquanto na base se ocupam os tempos livres com revistas e livros, nas praças e cafés da cidade o dominó domina.

A decisão do Presidente Trump marca mais um episódio na história desta base norte-americana em solo cubano que conta com mais de um século de história. Após a revolução de 1959, o governo que passou a liderar Cuba considerou-a ilegal. A tensão entre os dois países aumentou quando os Estados Unidos, a partir de 2002, começaram a enviar suspeitos de terrorismo para um centro de detenção construído para esse efeito no interior da base. Actualmente os Estados Unidos ainda mantém 41 pessoas detidas em Guantánamo.

Um detido caminha no corredor das celas da prisão da base de Guantánamo / Um autocarro percorre a cidade de Guantánamo
Um detido caminha no corredor das celas da prisão da base de Guantánamo / Um autocarro percorre a cidade de Guantánamo Reuters/CARLOS BARRIA
Uma das celas prisionais na base de Guantánamo / Habitantes da cidade jogam dominó no exterior das suas casas
Uma das celas prisionais na base de Guantánamo / Habitantes da cidade jogam dominó no exterior das suas casas Reuters/CARLOS BARRIA
Um oficial do exército norte-americano percorre a base / Retratos de Ernesto "Che" Guevara e de Camilo Cienfuegos  na parede de uma escola na cidade de Guantánamo
Um oficial do exército norte-americano percorre a base / Retratos de Ernesto "Che" Guevara e de Camilo Cienfuegos na parede de uma escola na cidade de Guantánamo Reuters/CARLOS BARRIA
Um militar norte-americano diante de uma cela da prisão da base de Guantánamo / Uma rapariga cubana à frente de um restaurante na cidade
Um militar norte-americano diante de uma cela da prisão da base de Guantánamo / Uma rapariga cubana à frente de um restaurante na cidade Reuters/CARLOS BARRIA
Uma estrada próxima da base naval de Guantánamo / Uma linha de caminhos-de-ferro nos arredores da cidade
Uma estrada próxima da base naval de Guantánamo / Uma linha de caminhos-de-ferro nos arredores da cidade Reuters/CARLOS BARRIA
Telefones públicos à porta de um centro comercial integrado na base naval norte-americana / Cadeiras e mesas vazias dentro de uma área de lazer para crianças na cidade de Guantánamo
Telefones públicos à porta de um centro comercial integrado na base naval norte-americana / Cadeiras e mesas vazias dentro de uma área de lazer para crianças na cidade de Guantánamo Reuters/CARLOS BARRIA
Uma bóia flutua junto à base naval / Um campo de cana do açúcar nos arredores de Guantánamo
Uma bóia flutua junto à base naval / Um campo de cana do açúcar nos arredores de Guantánamo Reuters/CARLOS BARRIA
Os limites da base naval da baía de Guantánamo / Uma janela de uma casa na cidade
Os limites da base naval da baía de Guantánamo / Uma janela de uma casa na cidade Reuters/CARLOS BARRIA
A entrada de um <i>bunker</i> na base norte-americana / A porta de uma casa na cidade de Guantánamo
A entrada de um bunker na base norte-americana / A porta de uma casa na cidade de Guantánamo Reuters/CARLOS BARRIA
Numa parede da base, vários relógios apresentam diferentes fusos horários / Um pormenor do interior de uma escola na cidade cubana
Numa parede da base, vários relógios apresentam diferentes fusos horários / Um pormenor do interior de uma escola na cidade cubana Reuters/CARLOS BARRIA
Uma mesa num restaurante da base / Habitantes da cidade aguardam numa fila para comprar pão
Uma mesa num restaurante da base / Habitantes da cidade aguardam numa fila para comprar pão Reuters/CARLOS BARRIA
Um militar norte-americano no interior de uma cela da prisão na base / Uma rapariga no intervalo de um jogo de futebol sob chuva intensa na cidade de Guantánamo
Um militar norte-americano no interior de uma cela da prisão na base / Uma rapariga no intervalo de um jogo de futebol sob chuva intensa na cidade de Guantánamo Reuters/CARLOS BARRIA
Revistas em inglês num café na base / Um homem aguarda à porta de casa para se juntar a um desfile de comemoração a propósito de um feriado local
Revistas em inglês num café na base / Um homem aguarda à porta de casa para se juntar a um desfile de comemoração a propósito de um feriado local Reuters/CARLOS BARRIA
Livros no interior de uma cela do centro de detenção integrado na base naval /  Produtos à venda num mercado da cidade de Guantánamo
Livros no interior de uma cela do centro de detenção integrado na base naval / Produtos à venda num mercado da cidade de Guantánamo Reuters/CARLOS BARRIA
A porta pela qual os detidos saem quando são entregues a países que os aceitam receber / Uma habitante da cidade de Guantánamo no interior de um comboio
A porta pela qual os detidos saem quando são entregues a países que os aceitam receber / Uma habitante da cidade de Guantánamo no interior de um comboio Reuters/CARLOS BARRIA
Uma granada de cartão pendurada no interior de um veículo militar norte-americano / Os cabos eléctricos pendurados sobre uma rua movimentada da cidade de Guantánamo
Uma granada de cartão pendurada no interior de um veículo militar norte-americano / Os cabos eléctricos pendurados sobre uma rua movimentada da cidade de Guantánamo Reuters/CARLOS BARRIA