Cuba
O contraste entre Guantánamo, a prisão americana, e Guantánamo, a cidade cubana
De um lado, uma cidade com cerca de 217 mil habitantes. Do outro, uma base militar com mais de cinco mil elementos e 41 pessoas detidas. Entre Guantánamo, a cidade no sudeste de Cuba, e Guantánamo, a base norte-americana na ilha, há uma distância maior do que os cerca de 30 quilómetros que as separam.
Há uma semana, no discurso do Estado da União, Donald Trump reforçou a decisão de manter a prisão de Guantánamo aberta, contrariando em definitivo os esforços do anterior Presidente, Barack Obama, de encerrar aquela unidade de detenção amplamente condenada por organizações de direitos humanos.
A cerca de três dezenas de quilómetros de distância, a cidade e a base naval são dois mundos distintos. As estações de rádio surgem como exemplo imediato dessa separação. Na cidade, escuta-se a Radio Reloj, gerida pelo estado cubano, onde se promove a cultura do país e se exaltam as virtudes de um nadador da ilha com apenas 20 anos e que se qualificou para os campeonatos mundiais de natação. Na base norte-americana, a Radio Gitmo apela aos expatriados. Ouvem-se dicas acerca da quantidade de álcool recomendada para beber após o jantar ou avisos sobre os efeitos negativos de alimentar a população de iguanas da baía.
A cor da cidade — com os seus autocarros e casas com portas pintadas num azul vibrante — contrasta com o ambiente austero das celas sem janelas da prisão contida na base. Enquanto na base se ocupam os tempos livres com revistas e livros, nas praças e cafés da cidade o dominó domina.
A decisão do Presidente Trump marca mais um episódio na história desta base norte-americana em solo cubano que conta com mais de um século de história. Após a revolução de 1959, o governo que passou a liderar Cuba considerou-a ilegal. A tensão entre os dois países aumentou quando os Estados Unidos, a partir de 2002, começaram a enviar suspeitos de terrorismo para um centro de detenção construído para esse efeito no interior da base. Actualmente os Estados Unidos ainda mantém 41 pessoas detidas em Guantánamo.