Morreu John Mahoney, o pai de Frasier

O actor de teatro, televisão e cinema morreu este domingo em Chicago. Tinha 77 anos e era conhecido pelo papel na sitcom dos anos 1990, mas também teve uma carreira notável nos palcos e no grande ecrã, em filmes de Barry Levinson, de Norman Jewison ou dos Irmãos Coen.

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John Mahoney morreu este domingo aos 77 anos LUSA/NINA PROMMER

John Mahoney passou 11 anos sentado a resmungar numa cadeira, com a bengala por perto, no papel de Martin Crane, um polícia reformado que era o pai nada pretensioso dos ultra-pretensiosos Niles e Frasier Crane. Foi em Frasier, o spin-off de Cheers que era uma das melhores e mais amadas sitcoms dos anos 1990. Essa personagem, que trazia humanidade e calor para um lugar onde ele não existiria à partida, foi o seu papel mais inescapável, que lhe valeu nomeações para dois Emmys e dois Globos de Ouro. Mas a carreira do actor, que nasceu em Blackpool, Reino Unido, em 1940, e morreu esta segunda-feira aos 77 anos em Chicago, nos Estados Unidos, foi muito mais do que isso.

E começou bastante tarde. Primeiro, quando se mudou para a América, em 1959, ingressou no exército, que o fez perder o sotaque da Manchester onde cresceu; depois tornou-se professor de literatura inglesa e editor de uma revista médica. Só aos 37 anos decidiu ser actor, tendo começado no teatro, na companhia Steppenwolf, de nomes como Gary Sinise ou do seu amigo John Malkovich, que conheceu quando o teve a ele e a David Mamet como professores de representação. Em 1985, foi, ao lado de Terry Kinney e Kevin Anderson, um dos protagonistas de Orphan, uma peça de Lyle Kessler encenada por Sinise que deu um empurrão à carreira de todos os envolvidos. Ganhou um Tony em 1986, por causa do papel em The House of Blue Leaves, de John Guare.

No cinema, teve o primeiro grande papel em Tin Men (Caixeiros Viajantes), de Barry Levinson, em 1987, o mesmo ano em que foi altamente memorável como um homem que sai e é rejeitado por mulheres mais novas em O Feitiço da Lua, de Norman Jewison. Dois anos depois, brilhou como pai perseguido pelo IRS da personagem de Ione Skye em Não Digas Nada, o filme de estreia de Cameron Crowe. Em 1991, fez de W.P. Mayhew, um escritor com muito de William Faulkner, acabado e alcoólico, por quem a secretária escrevia tudo, em Barton Fink, dos Irmãos Coen, com quem voltaria a trabalhar três anos depois em O Grande Salto. Fez também vozes em filmes como Formiga Z ou O Gigante de Ferro.

Após o final de Frasier, em 2004, as maiores participações que teve em televisão foram em séries como In Treatment (Terapia) e Hot in Cleveland (Póquer de Rainhas).

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