Exigência de mais investimento domina jornadas do PCP no Alto Alentejo

Comunistas insistem na necessidade de o Governo recusar imposições de Bruxelas, como o limite do défice, e canalizar a verba para os sectores produtivos e os serviços públicos.

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Deputados do PCP, ldierados por João Oliveira, vão andar pela região de Portalegre Nuno Ferreira Santos

Num distrito onde não elege um deputado desde 1987 e cujo mapa autárquico é completamente heterogéneo, com câmaras municipais comunistas, socialistas, sociais-democratas e de movimentos de cidadãos, o PCP vai defender, esta segunda e terça-feira em Portalegre, a necessidade de o Governo pôr de lado as imposições de Bruxelas e investir verdadeiramente nos sectores produtivos e na capacitação dos serviços públicos.

“As questões do investimento público continuam a ter importância decisiva, e em particular numa região como o distrito de Portalegre, onde é um elemento fundamental para combater assimetrias regionais e dar perspectivas às populações, que permitam a sua fixação no território e o desenvolvimento da região”, defende o líder parlamentar João Oliveira.

O responsável comunista promete continuar a “pressionar o Governo em torno de questões concretas e de opções mais gerais que têm de ser feitas” – e das jornadas irão sair propostas legislativas para problemas da região mas também outras para a área laboral, por exemplo. “Há respostas adiadas ou a serem dadas pela metade”, devido à necessidade de “cumprir as imposições de Bruxelas” no défice e noutros critérios europeus, e o Governo continua a viver na “contradição insanável” de pensar que consegue cumprir com a Europa e “continuar a dar respostas aos problemas do país”, aponta o deputado comunista.

O programa das jornadas procura evidenciar as “potencialidades” daquela região do Alto Alentejo que podem ser “aproveitadas para vencer os problemas estruturais do país”, diz o comunista. Os deputados vão visitar empresas do distrito, como a Dardico (de frutas e produtos hortícolas, em Avis), a Valnor (tratamento de resíduos sólidos), a Tekever (drones), a cooperativa de produtores agro-alimentares de Montargil, mas também serviços públicos como o Hospital de Portalegre, a Entidade Regional de Turismo, o Instituto Politécnico de Portalegre e o Espaço Arqueológico Cidade de Ammaia (em Marvão). No programa não podiam também faltar encontros com dirigentes sindicais regionais e com a federação distrital de bombeiros.

A poluição do Tejo pelas celuloses da região, que saltou para a ribalta há uma semana, também terá o seu espaço, com uma visita ao rio, que começa no cais de Vila Velha de Ródão. Os comunistas querem mostrar a necessidade da “compatibilização do desenvolvimento e crescimento económico com as preocupações ambientais, com a salvaguarda do património ambiental e a preservação da qualidade ambiental e dos rios”, descreve o líder parlamentar.

Mas não se vai falar apenas de investimento. Até porque o PCP defende que a legislação laboral é uma “componente importante” da solução para o país e João Oliveira lembra que estão paradas no Parlamento muitas propostas de alteração ao Código de Trabalho que pretendem repor o regime pré-troika.

Não falando directamente do PS ou do Governo, o líder parlamentar lá vai avisando que a defesa dos trabalhadores “não se faz de afirmações gerais sobre o que deve ser a legislação laboral; faz-se de posicionamentos concretos.” Mas lembra que o PS se juntou ao PSD e CDS para chumbar as propostas de reposição do pagamento das horas extraordinárias. “Este é um exemplo concreto que tinha de ter uma opção diferente e o PS recusou fazer essa opção…”

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