Herdeiro da Samsung libertado após um ano de prisão

Jay Y. Lee estava preso depois de ter sido condenado por corrupção num escândalo que ditou o afastamento da anterior Presidente da Coreia do Sul.

Jay Y. Lee deixou esta segunda-feira deixando o centro de detenção de Seul
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Jay Y. Lee deixou esta segunda-feira deixando o centro de detenção de Seul Reuters
Jay Y. Lee após um ano de prisão: Foi um ano útil para reflectir"
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Lee após um ano de prisão: Foi um ano útil para reflectir" EPA

Um tribunal de recurso de Seul decretou esta segunda-feira a libertação de Lee Jae-yon, mais conhecido por Jay Y. Lee, o herdeiro da Samsung detido por acusações de corrupção que envolveram até a anterior Presidente, Park Geun-hye, que foi obrigada a afastar-se na sequência das acusações.

A jornalista da emissora britânica BBC Karishma Vaswani comenta que a decisão, inesperada, foi "uma grande reviravolta" no caso. 

No recurso, a pena de Lee Jae-yong foi reduzida para dois anos e meio (metade da sentença original), e como já cumpriu uma parte, foi libertado e não terá de cumprir o resto da pena. O caso ainda deverá ser reavaliado pelo Supremo Tribunal, diz a BBC.

O herdeiro da Samsung, de 49 anos, disse que o ano que passou na prisão não foi desperdiçado. “Foi um ano realmente útil para reflectir", declarou à saída do centro de detenção de Seul. “Peço mais uma vez desculpa a todos por não ter mostrado a minha melhor faceta.”

A decisão quer ainda dizer que Lee pode voltar ao seu papel de vice-presidente da Samsung Electronics. As acções da empresa reverteram perdas anteriores e fecharam com uma valorização de 0,5%, aponta a agência Reuters.

Mas nem todos ficaram satisfeitos com a decisão: Chung Sun-sup, da empresa de investigação Chaebul.com (esta palavra em coreano define um conglomerado de empresas controladas por famílias em torno de uma empresa-mãe, tais como Samsung ou a Hyundai), declarou à Reuters que a decisão “repete a mesma velha história de leniência para com os donos das chaebol”. “Penso que Lee tem de mostrar agora que consegue mudar a cultura empresarial”.

Os procuradores do Ministério Público tentaram obter uma pena de 12 anos de prisão para Lee, por crimes que incluíam corrupção e desvio de fundos, num caso envolvendo a então Presidente sul-coreana, e que expôs ligações irregulares entre as grandes empresas e os políticos. Park ainda está a ser julgada por corrupção, abuso de poder e coerção, negando todas as acusações.

Em 2015, quando a Samsung começou a preparar a mudança na cúpula para a ascensão do herdeiro – neto do fundador e filho do Presidente, que teve um ataque cardíaco em 2014 –, Lee era descrito como menos carismático do que o pai mas com uma vantagem: não tinha, ao contrário do progenitor, qualquer condenação por fraude.

A correspondente da BBC também aponta possíveis consequências políticas da libertação: o actual Presidente, Moon Jae-in, venceu as eleições prometendo controlar as poderosas 'chaebol'. Muitos verão a libertação de Lee como contrária a tudo o que o Presidente tem defendido.

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