Até o zuavo da Ponte d'Alma precisa de colete salva-vidas

Estátua de Paris alvo de acção durante as cheias do rio Sena para alertar contra efeitos do aquecimento global.

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O zuavo tornou-se uma forma popular de medir as cheias do Sena Regis Duvignau/REUTERS

A estátua do zuavo da Ponte d’Alma, em Paris, serve para medir, mesmo a olho, as cheias do Sena, desde 1910. Tem estado na berlinda, nos últimos dias, por causa das mais recentes cheias – e por isso recebeu um novo adorno, um colete salva-vidas cor-de-laranja gigante, que lhe foi colocado pela fundação Goodplanet, para lançar um alerta sobre as alterações climáticas.

As chuvas intensas estão na origem das cheias do Sena, que tiveram o pico máximo a 29 de Janeiro, mas continua a haver um alerta laranja para a navegação no rio. O colete e um cartaz alusivo foram colocados a partir da parte de cima da ponte.

A Ponte d’Alma foi inaugurada por Napoleão III, em memória da batalha de Alma, na Crimeia, ganha em 1854 pelos franceses, britânicos e turcos otomanos contra os russos. Em cada pilar da ponte havia, na altura da inauguração, quatro estátuas, que representavam cada uma as corporações do exército francês que serviram na Crimeia, explicou o historiador Daniel Imbert à rádio France Culture. Uma delas é era a actual estátua do zuavo – o nome dado aos soldados dos regimentos franceses do Norte de África.

A ponte foi completamente renovada na década de 1970, e nessa altura as estátuas já não tinham a mesma importância. Mas havia uma excepção: a do zuavo tinha ficado no imaginário colectivo dos parisienses desde a grande cheia do Sena de 1910, quando se tornou uma forma popular para medir a subida das águas, explica o historiador: “Nesse ano, a água subiu-lhe até aos ombros”. Tornou-se uma tradição: se o zuavo tinha os pés dentro de água, passava a ser motivo de preocupação.

Porque é que a estátua do zuavo caiu nas preferências dos parisienses e não as outras? “Porque tem uma vestimenta muito detalhada, certamente.”

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