Realizadores deram mais um prémio a Guillermo del Toro por A Forma da Água

Favoritismo para os Óscares cresce em torno do mexicano e do seu filme.

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Guillermo del Toro com o seu prémio da DGA MARIO ANZUONI/Reuters

O favoritismo cauteloso de A Forma da Água, de Guillermo del Toro, cresce no momento em que a temporada de prémios de Hollywood está a meio. A um mês dos Óscares e já com o prémio de melhor filme entregue pelo sindicato dos produtores, o realizador mexicano recebeu também na noite de sábado o prémio de Melhor Realizador das mãos do Sindicato dos Realizadores. “A inclusão é necessária”, disse ao aceitar o prémio, “porque não estamos a ouvir todas as histórias que precisam de ser ouvidas”. Jordan Peele recebeu o prémio por melhor primeiro filme com Foge.

Outros premiados da noite foram os realizadores de The Handmaid’s Tale, Big Little Lies e Veep na televisão e o autor do documentário City of Ghosts, um trabalho de Matthew Heineman sobre o grupo de activistas sírios Raqqa Is Being Slaughtered Silently. Com os Emmys já entregues em Setembro de 2017, os prémios do Director’s Guild of America (DGA) são mais do que importantes consagrações apenas para os autores de filmes a concurso nesta temporada de prémios – e se City of Ghosts não está nomeado para o Óscar de Melhor Documentário, os filmes de Peele e Del Toro estão na corrida para Melhor Filme e os seus autores na de Melhor Realizador nos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

Entregues a 4 de Março em Los Angeles, os Óscares deste ano têm alguns indicadores-chave. Um deles é o habitual “filme mais nomeado”, precisamente A Forma da Água, história de uma mulher muda (Sally Hawkins) que se relaciona com uma criatura aquática humanóide e mereceu 13 nomeações. A fábula da sua relação é o mote para um filme que tem sido bem recebido por público, críticos e agora pela indústria com prémios de duas importantes guildas – produtores e realizadores, bons barómetros para as inclinações da Academia dos Óscares e, sobretudo, sindicatos cujos membros são também membros dessa mesma Academia.

Só o Sindicato dos Actores não escolheu Sally Hawkins, e preferiu Frances McDormand e os seus Três Cartazes à Beira da Estrada, sendo eles os mais numerosos membros da Academia. Mas como relembram infalivelmente os peritos nestas coisas dos prémios de Hollywood, só Ben Affleck estragou tudo nos últimos anos. Ou seja: só sete premiados pelo Sindicato dos Realizadores não receberam o Óscar de Melhor Realizador desde 1984 e a mais recente discórdia entre os dois galardões foi a de 2013, com Argo, o filme que os realizadores premiaram mas que a Academia nem nomeou na categoria de realização (mas que venceu o Óscar mais importante, o de Melhor Filme).

O que pode também ser lido à lupa de outra realidade: a DGA acertou no melhor realizador de 2017, Damien Chazelle, mas o seu La La Land foi destronado na recta final – e com contornos de erro históricopor Moonlight, que recebeu o Óscar de Melhor Filme.

O prémio de Del Toro, nesta temporada que mais uma vez é vista ao microscópio da diversidade e integração, é significativo também por ser o quarto entregue a um cineasta mexicano nos últimos anos, precedido por Alejandro González Iñarritu (Birdman e O Renascido) e Alfonso Cuarón por Gravidade. Este ano, bateu os nomeados Greta Gerwig (Lady Bird), Martin McDonagh (Três Cartazes), Christopher Nolan (Dunkirk) e Peele (Foge). O realizador estreante, conhecido pelo seu trabalho em comédia e autor de um dos filmes mais discutidos de 2017, foi à mesma distinguido pelos realizadores por este seu primeiro filme.

Gerwig, Nolan e Peele estão também nomeados pela Academia, sendo que McDonagh está ausente de uma lista completada por Paul Thomas Anderson por Linha Fantasma.

A cerimónia foi apresentada pelo realizador e produtor Judd Apatow.

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