Presidente da República diz que toda a saúde, pública, privada ou social tem que ser repensada

Segundo a nota da Direcção-Geral da Saúde, há 15 doentes infectados do surto de Legionella no hospital CUF Descobertas, dos quais nove são mulheres e seis homens. Quase todos os doentes (13) têm idade superior a 50 anos.

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Marcelo Rebelo de Sousa esteve acompanhado pelo ministro da Saúde e pela directora-geral da Saúde LUSA/Tiago Petinga

O Presidente da República defendeu, esta sexta-feira, que é preciso repensar todos os sectores da saúde, não só debatendo o que cabe a cada um mas vendo se há capacidade para responder a todas as necessidades.

Falando aos jornalistas à saída do hospital CUF Descobertas, onde visitou os doentes ainda internados com Legionella, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que foi mostrar que é "o presidente de todos os portugueses", incluindo os "três milhões" que recorrem aos hospitais privados.

"Como estive em S. Francisco Xavier, aqui teria de estar para mostrar que há um sistema nacional de saúde e que o Presidente é sensível, tal como o Governo, à situação de todos os portugueses", indicou.

O Presidente congratulou-se com a "evolução favorável" dos doentes que visitou, um dos quais teve alta esta manhã.

Questionado sobre o sistema de saúde, afirmou que já passaram "várias décadas" desde que foi aplicado, a seguir ao 25 de Abril, e que há que "repensar a saúde toda" e ver se responde aos "novos desafios e necessidades".

"Não é só o que cabe a cada um", mas ver se as capacidades estão ajustadas às necessidades, se há ligação à academia e à investigação e motivação das gerações mais jovens, exemplificou.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou que "muitas vezes em Portugal começa-se pelo fim", medindo recursos antes de se conhecerem os desafios.

Quinze casos foram diagnosticados com doença dos legionários com ligação ao surto de Legionella no Hospital CUF Descobertas, três dos quais estão em unidades de cuidados intensivos, segundo a Direcção-Geral de Saúde.

Segundo a nota da DGS, os 15 casos, mais um em relação ao último balanço, incluem nove mulheres e seis homens. Quase todos os doentes (13) têm idade superior a 50 anos.

O surto de Legionella no Hospital CUF Descobertas, em Lisboa, surgiu no passado fim-de-semana e poderá estar ligado à rede de águas do hospital, que está a contactar todas as pessoas que ali estiveram internadas entre os dias 6 e 25 de Janeiro. Segundo comunicado do hospital, quase todos os 800 doentes que estiveram internados naquele período já foram contactados. O foco da infecção terá tido origem na zona de tratamento das águas quentes, “mas ainda não existem conclusões seguras sobre as causas concretas do incidente", diz o hospital.

Surto estabilizado

Já o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, afirmou que o surto que afectou o CUF Descobertas está estabilizado, adiantando que, a partir de Março, o Governo pretende ajudar os hospitais a "apertar a malha" no controlo desta bactéria.

Em declarações aos jornalistas após acompanhar o Presidente da República, Adalberto Campos Fernandes afirmou que o surto entrará agora na fase descendente, tendo atingido o número máximo de casos - quinze.

A partir de Março estará em curso um plano, a que todos os hospitais que quiserem podem aderir, com vista a ajudá-los a fazer melhor o que já fazem em "prevenção e detecção precoce" de riscos de contágio com a Legionella.

Adalberto Campos Fernandes referiu que o risco nunca será zero, mas é para aí que tem que se dirigir e o plano servirá para "apertar a malha um pouco" e garantir que as instituições de saúde, que já têm os seus próprios mecanismos de controlo, estão "motivadas e orientadas" para as aplicar.

Apesar de ser privado, o CUF Descobertas já manifestou a vontade de aderir a este plano, acrescentou o ministro, referindo que a Legionella pode atacar em qualquer lugar, independentemente "do direito das instituições".

"O dispositivo de saúde pública funciona", garantiu, afirmando que pode fazer-se mais, como o Governo defende na proposta de lei para "retomar os mecanismos de prevenção suprimidos em 2014".

Quanto à explicação para o surto do CUF Descobertas, considerou que seria precipitado avançar com conclusões antes de terminado o trabalho da Inspecção-Geral das Actividades da Saúde e da Entidade Reguladora da Saúde na reconstituição do contágio.

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