Presidente da Cruz Vermelha afasta juíza condenada há dois anos

Francisco George não sabe explicar por que se manteve na organização juíza expulsa da magistratura: “Não encontro justificação para ter saído só agora”.

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Miguel Manso

O novo presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, Francisco George, afastou a juíza que, apesar de condenada por peculato há dois anos, continuava até aqui à frente das delegações do Porto e Matosinhos da organização.

Joana Salinas foi condenada no Supremo Tribunal de Justiça a dois anos e meio de pena suspensa em Janeiro de 2016 e ainda obrigada a entregar de 5500 euros à Cáritas do Porto, depois de ter ficado provado que usava os dinheiros da Cruz Vermelha para pagar a advogados para lhe redigirem os acórdãos que proferia no Tribunal da Relação do Porto.

Como só iniciou funções em Novembro passado, Francisco George não sabe explicar porque razão mesmo depois de ter sido condenada de forma irreversível e expulsa da magistratura Joana Salinas continuou à frente daquelas delegações. “Não encontro justificação para ter saído só agora”, observa.

“Chamei-a a 22 de Dezembro para se demitir e ela fê-lo, embora contrariada. O seu marido também foi afastado”, explica o presidente da Cruz Vermelha, adiantando que mandou fazer uma auditoria às contas das duas delegações, que desde Janeiro contam com novos responsáveis. Ricardo Coelho ficou à frente da delegação do Porto, enquanto Patrícia Faro passou a dirigir a de Matosinhos.

O nome de Joana Salinas continua, porém, a constar no site daquela delegação como sua principal responsável, razão pela qual o PÚBLICO noticiou na sexta-feira, num artigo sobre juízes apanhados nas teias da lei, que ainda se mantinha em funções.

Como pertencia ao Tribunal da Relação, a magistrada foi julgada no Supremo Tribunal de Justiça, onde o procurador Paulo Sousa qualificou o comportamento como “claramente criminoso”, embora a arguida tenha sempre negado as práticas pelas quais havia de acabar sentenciada. O máximo que admitiu foi que uma advogada a chegou a ajudar “em meia dúzia de processos”.

Joana Salinas começou a dirigir a delegação de Matosinhos em Novembro de 1998, funções que, a partir de Agosto de 2012, acumulou com a direcção da delegação do Porto.

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