Ascenso Simões queixa-se de penalização e critica afunilamento na bancada parlamentar

Numa carta, o deputado critica o incumprimento da regra de não acumulação de funções do Grupo Parlamentar, após a escolha de João Paulo Correia para vice-presidente da comissão eventual para o programa Portugal 2020/2030.

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Ascenso Simões critica ainda "a decisão unilateral de apresentar o facto consumado" nas escolhas para a presidência e coordenação da nova comissão eventual Nuno Ferreira Santos

O deputado socialista Ascenso Simões queixa-se de estar a ser penalizado internamente, critica o líder parlamentar do PS por "afunilar" a participação, mas pede desculpa por uma "altercação" que teve com Carlos César na quinta-feira.

As críticas e o pedido de desculpas de Ascenso Simões a Carlos César constam de uma carta à qual a agência Lusa teve acesso, que foi enviada na quinta-feira à tarde ao líder parlamentar, mas tendo dado dela conhecimento a todos os deputados do PS.

Na carta, o deputado do PS eleito pelo círculo de Vila Real refere que se disponibilizou para fazer parte da comissão eventual para o programa Portugal 2020/30, presidindo ou assumindo as funções de coordenador.

No entanto, de acordo com o antigo secretário de Estado, na reunião da bancada do PS de quinta-feira, Carlos César anunciou que tinha convidado o seu "vice" João Paulo Correia para presidir a essa comissão eventual, sendo o coordenador Fernando Rocha Andrade.

"Não questiono a escolha do senhor deputado Fernando Rocha Andrade, meu amigo, a quem reconheço competência política e a disponibilidade para esta tarefa, mas questiono a escolha do vice-presidente João Paulo Correia, por quem tenho estima, pelo facto de não se cumprir uma regra antiga de não acumulação de funções no grupo parlamentar", justifica o deputado socialista eleito por Vila Real. Perante estas críticas, o líder da bancada socialista recusou-se a fazer qualquer comentário.

Um membro da direcção da bancada socialista, porém, desvalorizou à agência Lusa a questão em causa, alegando que o PS tem 86 deputados e, como tal, "é impossível satisfazer simultaneamente a vontade de participação de todos os membros do grupo".

Ascenso Simões critica nessa carta "a decisão unilateral de apresentar o facto consumado" nas escolhas para a presidência e coordenação da nova comissão eventual. Um "comportamento" que, na perspectiva do dirigente socialista de Vila Real e antigo secretário de Estado, "só pode ter sido pensado por tentativa de marcar o caminho das escolhas, de afirmar uma penalização pessoal".

"Conheci grupos parlamentares onde era impossível chegarmos ao ponto onde estamos – e o presidente do Grupo Parlamentar, pelo passado brilhante de político e governante, não tinha, não tem, qualquer necessidade de afunilar a participação e o debate, não tem qualquer necessidade de evocar a função para impor uma decisão, qualquer que seja", escreve Ascenso Simões.

Na mesma carta, o deputado trasmontano conta que teve na quinta-feira "uma altercação" com o presidente do grupo parlamentar do PS na antecâmara do plenário e depois ainda no plenário. "Peço desculpa, pelos valores que tenho e me foram transmitidos pela minha família, pela forma como me dirigi ao presidente do grupo parlamentar e nele ao grupo todo. Só tenho pena que, nas duas vezes em que o mesmo aconteceu comigo, em reuniões do grupo em que muitos estavam, não tivesse havido um pedido de desculpas mesmo que através de um leve sorriso", acrescenta Ascenso Simões.

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