Nas Daily quer árabes e judeus a ver para lá do ódio

Quando Nuseir Yassin fez as contas, pesou mais o tempo de vida que sentia estar a perder do que os milhares de euros que estavam a entrar na sua conta. Nascido em Israel, Nas — o diminutivo significa pessoas em árabe — estudou em Harvard e trabalhava numa empresa de tecnologia com um salário anual de 120 mil dólares. Mas havia algo mais importante: "Percebi que tinha vivido 32% da minha vida e queria fazer muito mais, por isso despedi-me", explicou à Reuters há coisa de um ano. Por essa altura, Nuseir Yassin já se tinha tornado conhecido pelos vídeos de um minuto que realiza (sempre com uma t-shirt onde mostra a percentagem de vida gozada: 34% actualmente) enquanto viaja por todo o mundo (Açores incluídos) tentando torná-lo melhor. E pelo sucesso estrondoso em que se tornou: tem um site e mais de quatro milhões de seguidores no Facebook.

 

Agora, o jovem israelita quebrou a regra dos 60 segundos para falar de um assunto muito sério: "Esta experiência fez-me perceber que os vídeos que faço já não são uma brincadeira. São necessários. É preciso encontrar uma forma de chegar ao feed de notícias destas pessoas", escreveu no Facebook O jovem de 25 anos referia-se ao que lhe aconteceu enquanto gravava um vídeo em Jerusalém, um episódio que o deixou sem palavras: o ódio que persiste entre judeus e árabes. Ao P3, Nuseir explicou por e-mail que "é fácil falar sobre o conflito e estudá-lo", mas "é muito mais difícil quando se trata de uma experiência pessoal". "Fiquei sem palavras", sublinhou, para logo pôr em destaque a sua forma de "mudar mentalidades": "São 60 segundos de cada vez, através de vídeos do Facebook". Nas quer mostrar que a narrativa ainda muito difundida entre os judeus (que todos os árabes são maus) e a defendida entre árabes (todos os judeus são maus) não faz sentido. Nuseir surpreendeu-se sobretudo pelo "ódio" que uma menina de 15 anos mostrava: "Não há nenhum árabe que não seja terrorista", disse-lhe. Ao ouvir aquele discurso, o jovem percebeu a urgência de mostrar a estas pessoas que há mais para além do conflito constante que eles vêem na televisão: "judeus a tentar matar árabes e árabes a tentar matar judeus". Na TV, diz, eles não vêem que "a maioria das pessoas não tem qualquer interesse em guerra". E o apelo chega aqui: partilhem a realidade como ela é. "Nem todos os árabes são terroristas e nem todos os judeus são maus."