Generg passa para mãos chinesas

Fundo NovEnergia, que tinha a Fundação Gulbenkian e a Fundação Oriente como accionistas, vai ser extinto e os activos, entre os quais a Generg, serão vendidos a um investidor chinês.

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Marco Duarte

Depois da EDP Renováveis, controlada pela China Tree Gorges, e da Iberwind, vendida ao conglomerado Cheung Kong, há outra grande empresa portuguesa de energias renováveis à beira de passar para mãos chinesas.

A liquidação do Fundo NovEnergia – que até à data tem tido a Fundação Gulbenkian como principal investidor – está prevista para este ano e, com isso, a holding NovEnergia, que concentra todo o portefólio de projectos de renováveis (incluindo a Generg) passará a ser directamente controlada pelo novo investidor, cuja identidade não foi ainda revelada.

Segundo fontes ouvidas pelo PÚBLICO, o processo só deverá estar concluído em Setembro, depois das autorizações das entidades reguladoras. A ser aprovada, prevê-se a compra de uma primeira tranche de 65% e o restante dois anos mais tarde.

O fundo de capital de risco liderado pelo ex-secretário de Estado do Ambiente Carlos Pimenta arrancou em 2001 com uma base de subscritores portugueses, mas se alguns, como o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social e a Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, optaram por desistir do investimento, outros, como a Fundação Oriente e a Fundação Gulbenkian, mantiveram-no até hoje (transitando do primeiro veículo, o Fundo NovEnergia 2010, para o Fundo NovEnergia II, que manteve os activos do primeiro e foi ampliando o portefólio).

Há pelo menos dois anos que a Gulbenkian – que hoje anunciou a venda da petrolífera Partex a outro investidor chinês – vinha sinalizando a intenção de desinvestir no NovEnergia. E já este ano, numa entrevista publicada no Dinheiro Vivo, Carlos Monjardino, o presidente da Fundação Oriente admitia que os activos seriam vendidos a um investidor chinês.

Em resposta enviada ao PÚBLICO, fonte oficial da Gulbenkian esclareceu que o Fundo NovEnergia “terminou a sua vida útil em Março de 2017, dez anos depois da sua constituição, tendo sido concedida pelos investidores a sua prorrogação por mais um ano para concretizar a liquidação dos activos”.

A mesma fonte sublinhou que, após 15 anos de investimento no fundo, a Fundação Gulbenkian “participará na solução de saída apresentada pelo gestor do fundo aos investidores”. Esta “saída não significa que a Fundação não pondere no futuro novos investimentos em energias renováveis”, acrescentou.

Com investimentos em parques solares e eólicos em diversos países (Itália, França, Polónia, Espanha, Hungria e Bulgária); em Portugal um dos investimentos mais emblemáticos do NovEnergia foi a participação de 20% da Generg no consórcio ENEOP (constituído na sequência da fase A do concurso de capacidade eólica lançado pelo Governo Sócrates em 2005).

Ao lado da EDP, da Endesa e da fabricante alemã de turbinas Enercon, a Generg participou no projecto que permitiu a construção de 1335 megawatts (MW) de potência eólica instalada no país. Hoje, a empresa tem uma capacidade renovável instalada de quase 500 MW, entre projectos eólicos, solares e mini-hídricas.
 

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