Patrick de Pádua arriscou e abriu a sua própria loja

Designer apresenta as suas colecções na ModaLisboa e, embora crie para um público masculino, as mulheres também compram.

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Sebastião Almeida
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No atelier adjacente à loja que abriu em Lisboa no final do ano, Patrick de Pádua tem um casaco bomber pousado num manequim, este faz parte da primeira colecção que criou em nome próprio, inspirada nos casacos que os pilotos norte-americanos usavam para se protegerem do frio, no início do século passado. Curiosamente, “foi toda vendida a mulheres”, conta o criador de roupa masculina.

Não foi há tanto tempo que o jovem de 29 anos se estreou nas apresentações do Sangue Novo da ModaLisboa – em 2014 –, mas confessa que “parece que já passaram 20 anos”. Nesse espaço de tempo, ganhou uma presença fixa no calendário de apresentações (na plataforma LAB, destinada a jovens criadores) e transformou a marca que começou quase como “brincadeira” num negócio.

Um dos objectivos que traçou desde cedo foi “ter o próprio espaço onde pudesse trabalhar e ter loja”. Essa meta cumpriu-a em Dezembro, com a inauguração de um espaço em Lisboa que combina a sua primeira boutique com um pequeno atelier, onde trabalha com uma costureira.

A ideia já o perseguia, mas foi entre Outubro e Novembro que começou seriamente a pensar abrir a loja e, no espaço de cerca de um mês, concretizou, com um investimento modesto de cerca de mil euros e a ajuda do pai na montagem do espaço. As obras em si duraram cerca de uma semana: pintaram as paredes, substituíram o pavimento e transformaram a casa de banho num provador.

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Na loja existem peças da colecção de Inverno e já algumas de Primavera/Verão. Nas prateleiras, os acessórios de decoração – como um capacete de guerra, cantis e cartuxos dentro de uma campânula de vidro – misturam-se com as peças de roupa, em tons verde seco, que seguem a inspiração militar típica da marca.

Localizado na Rua Actor Vale, junto à Fonte Luminosa, a loja do criador foi ocupar uma morada relativamente calma do Bairro dos Actores. Certamente teria mais clientela no centro da cidade, mas o criador preferiu fazer o melhor com os recursos que tem. Porém, confessa: “É um desafio porque a localização conta muito.”

Com poucas semanas ainda de experiência, é difícil apontar resultados concretos, mas Patrick consegue já tirar algumas conclusões. Quem o visita normalmente já conhece a marca, diz. O facto de estar localizado mesmo em frente ao barbeiro Didi ajuda, já que o público-alvo dos dois é semelhante. “Uma coisa que tenho notado, porque sempre vendi em multimarcas, é que uma pessoa não tem noção de quem é o [seu] público – quem compra e quem vai ver a roupa. E aqui consigo [fazer isso], que é fundamental para um designer”, conta.

Apesar de ter vendido a primeira colecção toda a mulheres, garante que o público da marca continua a ser sobretudo masculino – sendo que as mulheres compram mais acessórios. Confessa que tem alguma dificuldade, por vezes, em conseguir fornecer a mesma peça em vários tamanhos.

Um coro de vozes tentou avisar o criador para não abrir loja, citando exemplos de outros que no passado acabaram por ter de fechar portas, mas Patrick não as ouviu. “Tinha de correr o risco”, justifica. “Acho que estava na altura de abrir uma loja, porque o problema de todos os designer que estão a começar é [vender] à consignação. Quando estava a vender no Colombo [numa loja multimarca] a minha roupa mal entrava, saía logo”. Por isso decidiu arriscar: “Se não também nunca iria saber”.

Na semana em que recebeu o Culto, o criador estava a começar a planear a colecção que irá apresentar em Março na ModaLisboa, mas ao mesmo tempo tem em mãos também uma outra colecção para uma marca de fora. Trata-se de uma questão de gerar rendimento extra para poder investir na própria marca, que, garante, já consegue dar lucro para se autosustentar.

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