Morreu Nigel, o ganso-patola que preferiu a versão de cimento a um parceiro real

Ave “apaixonou-se” por uma réplica de cimento instalada numa ilha da Nova Zelândia e nunca mais abandonou a ilha. Era acarinhando pela comunidade local.

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Esta ave migratória pode ser observada em várias zonas da costa portuguesa REUTERS/Howard Burditt

“Incrivelmente triste” e “o final errado da história”. É assim que Chris Bell, vigilante local da ilha de Mana, Nova Zelândia, resume a vida e morte do solitário ganso-patola Nigel. A ave foi, de acordo com a imprensa local, o primeiro ganso-patola a aterrar na ilha em 40 anos. No entanto, a colónia de réplicas de cimento criada para atrair a sua espécie foi a razão trágica da sua morte solitária.

Numa ilha completamente desabitada, a única companhia que Nigel teve durante cinco anos resumiu-se a uma colónia falsa de réplicas de cimento de gansos-patolas (Morus bassanus) espalhada pela ilha com o propósito de atrair animais desta espécie.

Pintadas à semelhança desta ave marinha, de asas compridas e estreitas, com a cabeça amarelada no topo de um pescoço comprido e projectado, de bico comprido e pontiagudo, e coberto de branco no resto do corpo, terá sido justamente uma destas 80 réplicas de cimento que atraiu Nigel, quando migrou para o Sul do Atlântico, no Outono. O ganso-patola nunca mais abandonou a ilha.

Nigel construiu um ninho de algas e galhos em torno da sua réplica eleita – numa espécie de ritual de cortejamento – e foi junto à mesma réplica que morreu.

Num poema dedicado a Nigel, publicado esta quinta-feira pelo grupo local de conservação da natureza, Friends of Mana Island, os vigilantes confessam ter feito tudo o que estava ao seu alcance para que Nigel encontrasse “o amor a sério”, mas acabaram por perder com as réplicas de cimento.

O texto detalha que nem mesmo a tinta ou as fezes de outras aves – colocadas propositadamente – afastaram Nigel da réplica de cimento e o fizeram voar em busca dos seus companheiros de carne e osso. Nem mesmo quando em Dezembro do último ano, numa “surpresa de Natal”, três gansos-patolas chegaram à ilha, Nigel se afastou da sua réplica amada.

A esperança dos vigilantes da comunidade local assenta agora nos três gansos-patolas que ocuparam a ilha. “O legado de Nigel é que ele foi o primeiro colono e, se a ilha se transformar numa colónia de sucesso, ele terá sido sempre o primeiro. É por causa dele que os outros gansos-patolas vieram para esta ilha. Talvez nos próximos seis meses exista uma história feliz para contar”, declara Chris Bell.

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