INCM vai começar a publicar este ano as Obras Completas de Mário Soares

Natália Correia, José-Augusto França e Vitorino Nemésio também no plano editorial da instituição, que em Dezembro de 2018 celebra 250 anos de história.

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Mário Soares LUIS VASCONCELOS
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Natália Correia Pedro Cunha
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Vitorino Nemésio DR
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José-Augusto França DR

A Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) vai iniciar este ano a publicação das Obras Completas de Mário Soares e, celebrando os 250 anos da instituição, vai também editar um livro sobre a sua própria história.

Este ano, serão publicados os dois primeiros volumes das Obras Completas de Mário Soares (1924-2017), um projecto que será liderado por uma comissão editorial dirigida por José Manuel dos Santos, que foi assessor do ex-Presidente da República.

Os 250 anos da INCM, que serão completados no dia 24 de Dezembro, serão o mote para diferentes iniciativas levadas a cabo pela instituição editorial, nomeadamente a publicação de História da Imprensa Nacional: 250 Anos, no final do ano, que abordará a actividade desde a fundação, por alvará do rei D. José, com o nome de Impressão Régia. A fusão da Imprensa Nacional, herdeira da Imprensa Régia, com a Casa da Moeda aconteceu em 1972.

Entre os projectos editoriais previstos para este ano, e anunciados esta quarta-feira em Lisboa, está o lançamento da colecção Biblioteca José-Augusto França, uma selecção de obras, a cargo do próprio autor, a publicar em 16 volumes.

Em 2018 serão editados quatro títulos desta colecção: o romance Natureza Morta, que incluirá Três Pequenos Contos de África, D. Júlia e O Retornado; Charles Chaplin, o 'Self Made Myth', incluindo Hitchcock Há 100 Anos; Amadeo de Souza-Cardoso, o 'Português à Força', que inclui Almada Negreiros, o 'Português sem Mestre', Vieira da Silva e Vieira da Silva para depois; e, finalmente, Lisboa Pombalina e o Iluminismo, que incluirá Lisboa Pombalina e A Estética do Iluminismo.

No âmbito da História de Arte, será publicada uma edição revista d'A Paleta e o Mundo, de Mário Dionísio (1916-1993), numa parceria entre INCM e o Centro Mário Dionísio.

A obra de Vitorino Nemésio (1901-1978), "um escritor importante que não tem tido a atenção merecida", refere a INCM, será editada em 16 volumes, numa parceria com a editora açoriana Companhia das Ilhas, coordenada por Luiz Fagundes Duarte, professor no Departamento de Estudos Portugueses da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

De Nemésio, que se tornou célebre pelo seu programa televisivo Se Bem me Lembro..., será editado, em Abril, Poesia (1916-1940); Amor de Nunca Mais e Paço do Milhafre, num só volume, a sair em Junho; já Ondas Médias e O Segredo de Outro Preto, também num só volume, sairá em Setembro; e os ensaios Sob os Signos de Agora, Conhecimento da Poesia e Elogio Histórico de Júlio Dantas, também num volume, chegará aos escaparates das livrarias em Novembro.

A INCM vai também publicar o Teatro Completo de Natália Correia (1923-1993), incluindo alguns inéditos, uma edição coordenada pelo dramaturgo e professor na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa Armando do Nascimento.

No plano editorial da histórica instituição está ainda prevista a publicação de dois volumes de crónicas da colecção Biblioteca Eduardo Prado Coelho (1944-2007), numa edição crítica de Margarida Lages.

Na série Ensaios da colecção Pessoana, o plano da INCM prevê a edição de dois estudos, um de Luiz Fagundes Duarte, dedicado aos trabalhos de fixação do texto da obra de Fernando Pessoa, Do Caos Redivivo. Ensaios de Crítica Textual sobre Fernando Pessoa, e outro sobre o heterónimo Ricardo Reis, de Nuno Amado, professor no Instituto Superior de Educação e Ciências.

Depois da edição, no ano passado, das Poesias Eróticas de Bocage, este ano serão publicados Sonetos, Cantatas e Sátiras e Traduções e Elogios, encerrando-se a publicação da obra completa do poeta que fez parte do grupo literário Arcádia Lusitana, com o pseudónimo Elmano Sadino. A coordenação da edição da Obra Completa de Barbosa du Bocage (1795-1805) é do investigador bocagiano Daniel Pires.

Ainda na área da poesia em língua portuguesa, na colecção Plural, está prevista a edição de Retábulo das Matérias, de Miguel Tamen, que reunirá a obra completa do poeta, a sair neste primeiro trimestre; Aula de Natação, de Alice Sant'Anna, também no primeiro trimestre; e ainda Desdizer, de António Carlos Secchin, e Alexandrina, Como Era, de J. H. Santos Barros.

Na área do design, a colecção D, dirigida por Jorge Silva, que apresentará um novo formato e design gráfico, depois de doze títulos editados, sairão um livro sobre Dorindo de Carvalho, em Abril, e outro sobre Eduardo Aires, no final do ano.

Na fotografia, área cuja publicação foi iniciada no ano passado, a colecção PH, com Jorge Molder, "outros dois importantes nomes da fotografia em Portugal surgirão em 2018, mas ainda sob reserva", segundo a INCM. Esta colecção é dirigida pelo fotógrafo Cláudio Garrudo.

A INCM prosseguirá ainda as edições críticas das obras de quatro clássicos portugueses, nomeadamente Fernando Pessoa, Camilo Castelo Branco, Almeida Garrett e Eça de Queirós; assim como os clássicos gregos, com as Comédias, de Aristófanes, e, de Aristóteles, a Ética a Eudemo, a Geração dos Animais e uma nova edição de Retórica.

Também serão publicadas as obras vencedoras, no ano passado, dos prémios patrocinados pela instituição, como a 3.ª edição do INCM/Vasco Graça Moura, que distinguiu tradutores e foi entregue a João Pedro do Carmo Rosa Mendes Ferrão, por Rimas, de Michelangelo Buonarroti; e o INCM/Eugénio Lisboa, que distinguiu a obra Gente Grave, do moçambicano Pedro Pereira Lopes.

Este ano a INCM anunciou a criação do Prémio INCM/Arnaldo França, destinado a autores nascido em Cabo Verde.

97 milhões de volume de negócios em 2017

Aquando da apresentação do plano editorial para 2018, o presidente do conselho de administração da INCM, Gonçalo Caseiro, afirmou que, no ano passado, a empresa registou um volume de negócios na ordem dos 97 milhões de euros.

O responsável sublinhou "a solidez empresarial" da INCM, que, a partir deste ano, passa a ter uma chancela cultural, que engloba a actividade editorial, intitulada a Imprensa Nacional (IN).

Referindo-se ainda aos números de 2017, Gonçalo Caseiro disse que oito por cento do volume de negócios é relativo às exportações, sendo um por cento aplicado na área cultural, designadamente na realização de concertos de música de câmara e recitais de poesia na biblioteca da Imprensa Nacional, ao Príncipe Real, em Lisboa, em programas de leitura nos hospitais e na edição de livros.

No tocante à área livreira, Gonçalo Caseiro referiu a presença de 30 títulos da INCM no Plano Nacional de Leitura, dez deles incluídos no ano passado. E salientou igualmente os prémios que distinguiram a edição da INCM, que, desde 1983, recebeu 76 galardões (40 deles desde 2000).

A INCM, que celebra em Dezembro 250 anos, foi ainda definida por Caseiro como uma "editora de salvaguarda nacional", que publica os livros "supletivos aos editores privados, e relevantes para a cultura, mesmo que comercialmente não sejam atraentes".

A INCM, herdeira da Imprensa Régia criada por alvará do rei D. José, em 1768, tomou o nome de Imprensa Nacional em 1833, e "mantém há 250 anos, ininterruptamente, a actividade livreira", sublinhou o presidente.

Em relação às comemorações dos 250 anos da Imprensa Nacional, o director editorial da INCM, Duarte Azinheira, disse que elas terão início no segundo semestre, acrescentando que, no final do ano, será publicada a obra História da Imprensa Nacional: 250 Anos, que abordará a actividade desde a fundação até à actualidade.

Quanto à nova chancela cultural, IN, cujo logótipo é de autoria de Eduardo Aires, Duarte Azinheira justificou esta opção por tornar "mais forte" a presença dos títulos no mercado.

 

 

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