Massa fresca, galinhas felizes e “muito amor” – é Jamie em Lisboa

Um ano depois de ter sido anunciado, o restaurante italiano de Jamie Oliver abriu finalmente. Ocupa três andares de um edifício no Príncipe Real, tem pizzas, massas frescas, pratos italianos e uma equipa contagiada pelo conhecido entusiasmo do chef britânico.

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Nuno Ferreira Santos
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Lulas fritas Nuno Ferreira Santos
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Spaghetti negro com lulas, mexilhões e polvo Nuno Ferreira Santos
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Our famous prawn linguini Nuno Ferreira Santos
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The ultimate garlic bread Nuno Ferreira Santos

Jamie não veio para a inauguração, mas o seu espírito está todo lá. Depois de meses de expectativa crescente, o Jamie’s Italian Lisboa, no número 28A da Praça do Príncipe Real, abriu na sexta-feira, dia 26, sem aviso prévio. Na terça seguinte, depois de três dias de “rodagem” – intensa, porque, obviamente, a abertura não passou despercebida – os jornalistas foram convidados a conhecer o espaço e a comida.

São três andares (o de baixo, onde ficam as casas de banho, tem uma sala para jantares privados de grupos pequenos, mas ainda não está a funcionar), com duas esplanadas viradas para as traseiras, uma no andar intermédio (o que tem porta para a rua), outra no de cima. Ao todo, são 500 m2, com 174 lugares sentados, um espaço de bar à esquerda de quem entra, e duas cozinhas abertas, uma em cada andar, a de baixo mais dedicada às pizzas, a de cima a outros pratos. Quando subimos ao primeiro andar, encontramos um dos cozinheiros a preparar a massa fresca que é feita diariamente na casa.

Nas paredes, fotografias de Jamie Oliver e do seu mentor no mundo da cozinha italiana, Gennaro Contaldo, grandes planos de ingredientes, mãos enfiadas em taças de legumes para misturar os temperos, enfim, todo o espírito da cozinha descontraída a que o mais mediático dos chefs nos habituou nos seus muitos programas de televisão e livros (que também se podem comprar no restaurante).

A equipa, na sala e na cozinha, transpira entusiasmo nestes primeiros dias de abertura do projecto. Rita, que vem à nossa mesa falar de cada um dos pratos, passou um mês num dos Jamie’s Italian (a cadeia conta já com 64 restaurantes, espalhados por Inglaterra e vários outros países), usa frequentemente o adjectivo “fantástico” e conta várias histórias dos ingredientes que aprendeu durante a sua formação. Tal como ela, o resto da equipa passou por um dos Jamie’s Italian para aprender as receitas e mergulhar no espírito.

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O espaço, um antigo banco, foi totalmente transformado por uma equipa luso-britânica que procurou reproduzir o ambiente dos outros restaurantes da cadeia – confortável, acolhedor, tipo bistro. Não se admirem com as latas de tomate em cima das mesas, elas têm um propósito, que é o de sustentarem as grandes tábuas de madeira onde são apresentadas algumas das entradas e que existem em versão para um, para dois e para três ou quatro pessoas (custam 7,50€ por pessoa).

Na carta, elas surgem, ao bom estilo cheio de autoconfiança de Jamie, como “As nossas famosas tábuas”, sendo uma de carnes (a classic meat, com salami de funcho, mortadela com pistáchio, prosciutto e schiacciatta picante, mini mozzarella de búfala, pecorino e geleia de chili, pickles, azeitonas e salada roxa) e a outra vegetariana (vegetais grelhados, marinados em alho e azeite de ervas aromáticas, mini mozzarella de búfala, tomate e crostini com ricotta, molho de feijão aromatizado com alho, grissini, pickles e azeitona).

Assim elevadas à altura dos nossos olhos – Jamie acredita que isso as torna ainda mais irresistíveis porque as vemos, e cheiramos, mais facilmente – desapareceram a grande velocidade. Entretanto, chegaram mais algumas entradas, dos cogumelos fritos com maionese (4,95€) às lulas fritas com chili (7,75€), passando pelo ultimate garlic bread (4,75€) – mesmo na carta em português os nomes dos pratos aparecem em inglês.

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Na parede, uma ardósia escrita a giz anuncia: “Todos os dias preparamos massa fresca com farinha 00, farinha de trigo, ovos free range e muito amor”. É essa, vai explicar-nos depois Rita, a receita das pizzas, de massa fina e crocante. Provamos duas, a de prosciutto, com presunto San Daniele (12,95€), e a truffle thuffle (15,95€), com molho branco, queijo fontina, cebolas aromatizadas em balsâmico, ovo e trufa preta.

Antes, passaram pela mesa duas das massas da carta: Our famous prawn linguini (14,25€), com camarões, funcho, açafrão, chili e rúcula; e o spaghetti negro com lulas fritas e mexilhões, polvo, alcaparras, chili, anchovas, tomate e vinho branco (13,95€). Para quem não quiser nem pizza nem pasta, há outras propostas, que vão do Jamie’s Italian Burger (12,95€), ao Aqua Pazza, um peixe (no nosso caso foram douradas) cozinhado “como os pescadores faziam”, com vinho, alcaparras, tomates cereja e azeitonas (14,95€), ou ainda às lamb chops scottadito (17,95€) com pimentos e cebolas assadas, molho verde e polenta chips.

Não há grandes diferenças nas cartas dos vários Jamie’s Italian, mas há pequenos toques nacionais: em Portugal, por exemplo, o hambúrguer vem com queijo da ilha. Também para o vinho da casa foi feita uma parceria com a Quinta do Monte d’Oiro e a carta de vinhos inclui referências portuguesas ao lado de vinhos italianos.

De resto, vários produtos usados no restaurante são de produtores portugueses, escolhidos entre os que seguem os princípios que Jamie tem como essenciais, ligados à sustentabilidade e bem-estar animal. Para que não restem dúvidas, eles vêm expressos no final da carta: “Temos orgulho em usar produtos free range e wellfare, provenientes de toda a criação animal em que são proporcionadas boas condições de desenvolvimento, bem-estar e respeitada a produção sustentável.” Uma preocupação que não pára nas carnes ou nos ovos – também o café é biológico e os chás são de comércio justo.

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