Arquivos de Álvaro Siza disponíveis online a partir de Fevereiro

Acervo doado pelo arquitecto às fundações de Serralves e Gulbenkian e ao Centro Canadiano de Arquitectura vai ser divulgado por fases.

Foto
Exposição Matéria-prima, em Serralves Fernando Veludo N/Factos

A partir do próximo mês de Fevereiro, os interessados vão poder consultar online uma primeira parte dos arquivos que Álvaro Siza doou, em 2014, às fundações de Serralves, no Porto, e Gulbenkian, em Lisboa, e ao Centro Canadiano de Arquitectura (CCA), em Montréal.

Anunciado no momento em que o arquitecto nascido em Matosinhos em 1933 revelou a decisão de doar os documentos e testemunhos do seu trabalho àquelas três instituições, o projecto de os ir tornando acessíveis ao público torna-se agora realidade.

Num comunicado conjunto, as três instituições lembram o desejo expresso por Siza de que “tantos anos de trabalho pudessem tornar-se úteis e contribuir para a pesquisa e o debate em torno da arquitectura, particularmente em Portugal, tendo em vista uma perspectiva em tudo contrária à do isolamento”.

Ao PÚBLICO, Siza justificou então a escolha do CCA, mas também de Serralves e da Gulbenkian, por considera-las “instituições independentes, com autonomia”, que lhe garantiam a efectiva catalogação e exposição dos seus arquivos, mas também o acesso público aos trabalhos.

É assim que, “a partir do próximo mês de Fevereiro, as descrições arquivísticas destes materiais começarão a ser disponibilizadas online nos sites do CCA, Serralves e Gulbenkian, incluindo os primeiros projectos dos anos 1950 e 1960, bem como projectos para o IBA de Berlim e projectos de renovação urbana para a cidade de Haia datados dos anos 1980”, diz o documento conjunto.

Os arquivos em causa estão actualmente assim distribuídos: os projectos datados entre 1958 e 2006 foram para as fundações de Serralves e Gulbenkian, seguindo mais ou menos a sua distribuição a Norte e a Sul do país, respectivamente; os projectos de repercussão internacional, que praticamente atravessam toda a carreira do arquitecto desde o museu brasileiro Iberê Camargo, em Porto Alegre, até ao presente, estão depositados na instituição de Montréal.

É assim que, entre os trabalhos a disponibilizar já em Fevereiro, se poderão encontrar a Casa de Chá da Boa Nova (1963) e as Piscinas das Marés (1966), ambos em Leça da Palmeira, Matosinhos; o edifício do Banco Borges & Irmão, em Vila do Conde (1986), a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (1992), o Museu de Arte Contemporânea de Serralves (1999), mas também o edifício Bonjour Tristesse, em Berlim (1982-83), e o complexo de habitação Punt en Komma, na capital holandesa, Haia (1985-89).

No seu conjunto, as três instituições reúnem de Siza “textos, correspondência, fotografias e slides, cerca de 60 mil desenhos, 500 maquetes, 282 cadernos de esquissos e o arquivo de materiais digitais”, discrimina o comunicado.

Recorde-se que os arquivos depositados em Serralves foram já mostrados numa exposição na biblioteca do museu portuense, Matéria-prima: um olhar sobre o arquivo de Álvaro Siza, comissariada por André Tavares, no Verão de 2016, e depois documentada num livro-catálogo editado no passado mês de Dezembro.

Sugerir correcção
Comentar