Como melhorar a segurança rodoviária? Pôr os carros a ler expressões faciais

A Ford tem uma equipa de cientistas a desenvolver tecnologia capaz de reconhecer sinais de cansaço ou tensão no rosto ou no batimento cardíaco dos condutores, e intervir se necessário. O erro humano pode vir a ser uma causa de sinistralidade em declínio.

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Laboratório móvel da equipa de cientistas da Sensum DR

Um condutor irascível. Dois condutores em tensão. Três condutores a deslizar para o sono. O mais provável é que qualquer pessoa tenha experimentado alguma destas situações ao volante, assistido a outras como passageiro ou identificado riscos em terceiros. A esmagadora maioria dos acidentes rodoviários resulta de falha humana – e há diversas propostas para solucionar o problema, de regras mais apertadas a carros autónomos e a sistemas de comunicação inteligente entre veículos; agora, estamos a chegar ao reconhecimento facial.

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Um condutor irascível. Dois condutores em tensão. Três condutores a deslizar para o sono. O mais provável é que qualquer pessoa tenha experimentado alguma destas situações ao volante, assistido a outras como passageiro ou identificado riscos em terceiros. A esmagadora maioria dos acidentes rodoviários resulta de falha humana – e há diversas propostas para solucionar o problema, de regras mais apertadas a carros autónomos e a sistemas de comunicação inteligente entre veículos; agora, estamos a chegar ao reconhecimento facial.

Na terça-feira, o Automóvel Club de Portugal (ACP) apresentou as conclusões de um estudo que traça o perfil do condutor português: usa o carro diariamente e faz 9000 quilómetros por ano, prolongando “o mais possível” o tempo de vida útil do veículo, em média até uma década. Quando o presidente do ACP, Carlos Barbosa, em entrevista ao PÚBLICO, alertou para o impacto da antiguidade do parque automóvel na segurança rodoviária, já o secretário de Estado da Protecção Civil, José Artur Neves, tinha admitido usar helicópteros e drones para fiscalizar a velocidade, instalar mais radares e inibir o sinal de telemóvel ao volante.

A Ford está a trabalhar numa alternativa menos imediata. Trata-se de um conjunto de sensores biométricos que controla pulsação, respiração, perspiração e expressões faciais do condutor, avaliando “emoções” e possíveis distracções, indo além do mero diagnóstico físico feito a partir do cálculo de níveis de cansaço ou stress. Se o resultado for negativo, o computador de bordo emite vários alertas e, no limite, assume o controlo.

Ainda numa fase inicial, o protótipo foi posto à prova em Londres, no mesmo dia em que foi apresentado o estudo do ACP, num modelo desportivo da marca. O Guardian testemunhou os intensos flashes das lâmpadas LED à medida que o condutor fazia oitos na pista e os seus níveis de stress disparavam. A equipa de cientistas da Sensum, que está a desenvolver a tecnologia para a Ford, chama-lhe “buzz moment”. Os alertas poderão enviar um sinal de perigo para carros nas proximidades.

As vantagens ainda estão, no entanto, submersas numa grande desvantagem: a parafernália tecnológica, a dimensão açambarcadora do hardware, a quantidade de fios eléctricos ligados ao corpo condutor. Falta reduzir o tamanho de tudo e apostar em wearables mais simples.