Trump nega ter mandado demitir Mueller

Segundo o New York Times, o Presidente norte-americano recuou na sua decisão graças a um dos advogados da Casa Branca. Trump nega a história e diz que é uma notícia falsa.

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Robert Mueller foi nomeado procurador especial em Maio Reuters/Joshua Roberts

Donald Trump quis demitir o procurador especial Robert Mueller em Junho do último ano, mas acabou por recuar na sua decisão porque um dos advogados da Casa Branca, figura de confiança de Trump, ameaçou demitir-se caso avançasse com a ordem. De acordo com a história contada pelo New York Times, Don McGahn, o advogado responsável pelas questões legais na administração, disse a Trump que o despedimento de Robert Mueller teria “um efeito catastrófico” na sua Presidência. Segundo jornal, o Presidente norte-americano acabou por não interferir e retirou a ordem de demissão.

À CNN, Anthony Scaramucci, ex-director de comunicações da Casa Branca, disse que a história é “totalmente irrelevante porque ele não despediu Mueller”. Já Donald Trump foi mais longo e garante que a história é falsa. "Notícias falsas, malta, notícias falsas", disse o Presidente dos EUA, em Davos, onde nesta sexta-feira discursa no Fórum Económico Mundial.

A história surge um dia depois de Trump ter afirmado que estava “ansioso” por ser interrogado por Mueller, numa altura em que a investigação parece começar a aproximar-se cada vez mais de um inquérito ao Presidente dos EUA.

Em Junho, mês em que Trump pretenderia afastar Mueller, o Washington Post publicava que a investigação conduzida pelo procurador especial estava a ponderar olhar para um caso de possível obstrução de justiça. De acordo com New York Times, Robert Mueller terá tomado conhecimento das intenções de Trump há alguns meses.

Na lista de alegações do Presidente norte-americano citadas pelas fontes do New York Times estavam três situações que Trump considerava constituírem um “conflito de interesses” para o procurador especial e que por isso deveria ser despedido.

Em causa estavam, de acordo com o NY Times, uma disputa sobre o pagamento de quotas de membro do Club Nacional de Golfe da Virginia – que Mueller deixou ainda em 2011 -, um recente trabalho de Mueller para a empresa de advogados que defende Jared Kushner, marido de Ivanka Trump e genro do Presidente. Em último lugar estaria uma alegada conversa entre Trump e Mueller, ainda antes do último ter sido nomeado, e em que o procurador teria confessado interesse em regressar à direcção do FBI.

Robert Mueller, que já desempenhou o cargo de director do FBI entre 2001 e 2003, foi nomeado pelo Departamento de Justiça norte-americano. O procurador especial tem poderes para “julgar crimes federais decorrentes da investigação desta matéria”, acrescentando que, com base “em circunstâncias únicas”, é do interesse público que “a investigação fique sob a autoridade de uma pessoa que exerça um grau de independência em relação à normal cadeia de comando”. Ainda antes desta nomeação, no início de Maio, o Presidente decidiu despedir o então director do FBI, James Comey, que era o responsável máximo pela investigação criminal sobre as suspeitas de ingerência russa nas eleições do ano passado.

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