Facebook e Google são “ameaças para a sociedade”, defende Soros

Milionário apela à acção dos reguladores para controlar monopólios que “não têm vontade para proteger a sociedade contra as consequências das suas acções”.

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George Soros REUTERS/Luke MacGregor/

O multimilionário George Soros juntou-se na quinta-feira ao coro de críticas às grandes empresas tecnológicas que se tem vindo a ouvir na edição deste ano do encontro de Davos, classificando o Facebook e o Google como empresas monopolistas que não só constituem uma “ameaça para a sociedade”, como também representam “obstáculos à inovação”.

O investidor húngaro-americano – que se tornou famoso pelo seu papel nos ataques especulativos à libra nos anos 90 do século passado – não poupou nas palavras quando se referiu aos gigantes tecnológicos da actualidade. “As empresas petrolíferas e mineiras exploram o ambiente físico, as empresas de redes sociais exploram o ambiente social”, afirmou, acusando estas de “deliberadamente criarem um vício aos serviços que disponibilizam”, algo que “pode ser muito prejudicial, especialmente para os adolescentes”.

“O poder para moldar a atenção das pessoas está cada vez concentrada nas mãos de umas poucas empresas”, diz Soros, alertando que as empresas de redes sociais “influenciam como as pessoas pensam e se comportam, mesmo sem estas se aperceberem”. “Isto tem consequências adversas muito significativas para o funcionamento da democracia, particularmente no que diz respeito à integridade das eleições”, afirmou na sua intervenção no encontro de líderes políticos e sociais, que se realiza esta semana em Davos.

Soros defende ainda que o monopólio garantido por estas empresas conduz a que estas representem neste momento um “obstáculo à inovação”, já que impedem o surgimento e desenvolvimento de empresas concorrentes.

Qual a solução para estes problemas? Mais regulação, defende Soros. “Os monopólios da Internet não têm nem a vontade nem a inclinação para proteger a sociedade contra as consequências das suas acções. Isto torna-as numa ameaça e cabe às autoridades regulatórias proteger a sociedade contra elas”, disse, apelando à plateia de Davos que anuncie: “Os seus dias estão contados”.

Nesta edição de Davos, as críticas aos gigantes tecnológicos têm sido recorrentes, incluindo de antigos responsáveis e investidores das empresas. Roger McNamee, um dos primeiros investidores do Facebook, disse que o Facebook e Google eram ameaças à saúde pública”. Sean Parker, antigo chairman do Facebook, foi ainda mais dramático: “Só Deus sabe o que é que está a fazer aos cérebros das nossas crianças”, disse.

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