João Ribas é o novo director do Museu de Serralves

Nome foi escolhido através de concurso internacional. Ribas chegou a Serralves há quatro anos pela mão da anterior directora, Suzanne Cotter.

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João Ribas é o novo director do Museu de Serralves NELSON GARRIDO
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Ana Pinho destacou a visão "entusiasmante, estruturada e fresca" de Ribas NELSON GARRIDO
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A vice-presidente de Serralves Isabel Pires de Lima integrou o júri NELSON GARRIDO
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O vice-presidente de Serralves Manuel Ferreira da Silva integrou o júri NELSON GARRIDO

João Ribas, actual director adjunto do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, será o próximo director da instituição, substituindo Suzanne Cotter, que esteve cinco anos no cargo, anunciou esta quinta-feira a administração da Fundação de Serralves numa conferência de imprensa. O seu nome foi escolhido por unanimidade, na sequência de um concurso internacional, por um júri que incluiu a presidente e dois vice-presidentes de Serralves, respectivamente Ana Pinho, Isabel Pires de Lima e Manuel Ferreira da Silva, e ainda Vicente Todolí, o primeiro director do museu, hoje director artístico do Pirelli HangarBicocca, em Milão, Laurent Le Bon, presidente do Musée National Picasso, em Paris, e Jochen Volz, director da Pinacoteca de São Paulo. 

Salientando o “muito relevante percurso internacional” do novo director, Ana Pinho acrescentou que Ribas tem “a enorme vantagem de conhecer bem Serralves”. Num concurso que a presidente da fundação descreveu como “muito concorrido”, Ribas terá sido, segundo disse ao PÚBLICO um membro do júri, o único candidato português. E entre os que chegaram à fase final, cujo número e identidade não foram divulgados, Ribas, assegurou Ana Pinho, “destacou-se completamente, em especial pela sua entusiasmante, estruturada e fresca visão da programação artística e do que deve ser Serralves”. 

Numa breve sessão de perguntas, o novo director não adiantou nada de muito concreto que permitisse perceber melhor os contornos dessa visão que conquistou o júri, mas insistiu na ideia de que o museu deve “reflectir sobre as grandes questões da sociedade” que integra, realçou o compromisso de Serralves com a dimensão pública e cidadã da cultura, mostrou-se empenhado em “consolidar a projecção internacional dos artistas portugueses” e em reforçar a posição de Serralves como “pólo de referência internacional da arte contemporânea”, ao mesmo tempo que se propõe “abrir novos horizontes” e explorar “novas ideias”. 

Se Ribas vai poder contar, num futuro mais ou menos próximo, com o auxílio de um director adjunto é, segundo a administração, uma questão em aberto e que ainda não foi discutida. 

A escolha do novo director veio confirmar a notícia avançada pelo PÚBLICO na sexta-feira de que o nome de João Ribas era o mais referido para o cargo. Aos 38 anos, o curador torna-se assim o quarto director do Museu de Serralves, um dos mais prestigiados museus nacionais, e que deverá celebrar no próximo ano o seu 20.º aniversário com uma programação que é vista como um desafio acrescido para a nova direcção.

Escolhido na sequência da saída de Cotter, anunciada em Setembro (após esta ter recebido um convite “irrecusável” para dirigir o Musée d’Art Moderne Grand-Duc Jean, no Luxemburgo), Ribas terá agora não apenas o encargo das comemorações ligadas ao aniversário, mas caber-lhe-á ainda acompanhar o projecto de instalação e dinamização da colecção Joan Miró e a abertura da Casa de Cinema Manoel de Oliveira

Cotter, com dupla nacionalidade britânica e australiana, foi anunciada como directora de Serralves em Outubro de 2012, substituindo no cargo o português João Fernandes, então convidado para subdirector do Museu Nacional Rainha Sofia, em Madrid. Quando foi inaugurado em 1999, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves escolheu para seu director o espanhol Vicente Todolí, que saiu do Porto para dirigir a Tate Modern, em Londres, considerada uma das mais influentes instituições culturais do mundo.

A escolha de Ribas está, portanto, dentro de uma das tradições desta instituição portuense – uma fundação privada que recebe fundos públicos –, tendo o júri seguido os passos que levaram à escolha do português João Fernandes em 2003. Tal como Ribas, Fernandes era director adjunto quando se tornou o principal responsável pelo museu em 2003 e tinha a idade do novo director, que nasceu em Braga em 1979.

João Ribas chegou a Serralves há quatro anos, pela mão de Suzanne Cotter. Na altura, a então directora justificou a escolha de Ribas para ocupar o cargo de director adjunto dizendo tratar-se de “um curador distinguido internacionalmente pela originalidade das suas exposições e pelo seu profundo compromisso com os artistas e o pensamento”. O próprio defendeu ser um globalista, quando chegou a Serralves, para usar um termo que se tornou moda com a presidência de Trump.

Antes de Serralves, Ribas trabalhou nos Estados Unidos, onde viveu 26 anos, tendo sido curador do Drawing Center, em Nova Iorque, entre 2007 e 2009, e do MIT List Arts Center, o centro de artes visuais do famoso Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge, na área metropolitana de Boston, de 2009 a 2013. Vencedor, em quatro edições consecutivas (de 2008 a 2011), do prémio atribuído à melhor exposição pela Associação Internacional de Críticos de Arte, venceu ainda em 2010 o prémio Emily Hall Tremaine Exhibition pela exposição Man in the Holocene, apresentada no MIT List Arts Center.

Entre os artistas de quem comissariou exposições nos Estados Unidos contam-se nomes como Chris Marker, Frances Stark, Nairy Baghramian, Frederick Kiesler, Amália Pica, Joachim Koester, Akram Zaatari, Gabriel Arantes, Matt Mullican, Alan Saret, Stan Vanderbeek, Otto Piene, Emily Wardill, Rirkrit Tiravanija ou Ree Morton. 

Já em Serralves, sob a direcção de Cotter, comissariou Sob as Nuvens: da Paranóia ao Sublime Digital, em 2015, e mais recentemente, com Jochen Volz, Incerteza Viva: Uma Exposição a Partir da 32ª Bienal de São Paulo, que encerrará em Fevereiro próximo, tendo ainda organizado exposições de artistas como Helena Almeida, Michael Kreber, Gordon Matta-Clark, Salomé Lamas, Rachel Rose, Nick Mauss, Harry Smith ou Silvestre Pestana.

O seu percurso começou na crítica de arte, tendo textos publicados em publicações como The New York SunArtforum, Mousse, Afterall, The Exhibitionist, Spike, Art News ou Art in America

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