Um desencontro amoroso nos Estados Unidos está a ser chamado de “Tinderella” ou de um romance dos tempos modernos, sem cavalos brancos ou serenatas, mas com aplicações de encontros e correio electrónico à mistura: um caloiro da Universidade Missouri State enviou, na passada semana, um email a todas as Claudias do campus depois de ter deslizado acidentalmente à esquerda no Tinder (sinal de desinteresse) no perfil de uma Claudia por quem se enamorou através da aplicação.

Destroçado pelo seu “erro de principiante”, o estudante Hayden Moll não se deixou ficar pela desilusão. “Olá a todas as Claudias da Universidade Missouri State” — começa assim o email enviado por Hayden Moll a todas as 22 Claudias da universidade norte-americana na qual estudam 26 mil alunos, disponibilizando-se para um encontro para comer donuts se o interesse fosse recíproco.

“Se fosse um nome mais comum, teria demorado bem mais tempo”, brinca o caloiro, em entrevista ao canal KY3. O facto de o Tinder não mostrar os apelidos dificultou o processo, disse Hayden no email, mas o apelido acabou por ser revelado pela própria: Alley, Claudia Alley.

Na aplicação de encontros Tinder (ou de desencontro, neste caso), são apresentados vários perfis com o nome da pessoa, a idade, uma breve descrição e fotografias – se gostar do que vê, o utilizador desliza para a direita; se não estiver interessado, para a esquerda. Se ambos deslizarem para a direita, é um “match” e poderão então conversar dentro da aplicação, mas basta um deslizar para a esquerda para que tal não aconteça.

E foi precisamente esse o erro de Hayden: “Deslizei acidentalmente para a esquerda no perfil da Claudia (esquerda é mau) e eu queria mesmo ter deslizado para a direita”, conta o próprio no email enviado às homónimas do seu amor à primeira vista.

“Este rapaz enviou literalmente um email a todas as Claudia da Missouri State para me encontrar no Tinder”, começou por reagir a Claudia pretendida no Twitter, que soube imediatamente que se tratava dela por ele mencionar a piada que ela tinha na sua descrição. “Ela tinha algumas fotografias com as amigas e com a mãe. Na descrição, ela disse que algumas das amigas eram solteiras e que se alguém gostasse mais delas não havia problema, mas que não podiam era ficar com a mãe dela”, contou Hayden no e-mail, admitindo ter-se rido com isso.

Ao início, Claudia pensou que o email era um anúncio do Tinder e quase apagou a mensagem — mas acabou por responder e até fez um tweet com o email de Hayden. A publicação de Alley tornou-se viral no Twitter, somando mais de 160 mil gostos e mil comentários, o que fez com que os holofotes também se virassem para si no campus da faculdade. “Entrei para as aulas esta manhã e toda a gente ficou a olhar”, disse Claudia ao jornal Springfield News-Leader na segunda-feira. Não estava nos seus planos contar à mãe o que tinha acontecido, mas ela acabou por ouvir a história numa rádio local.  

“I'll be your Claudia”

Hayden Moll pedia que, se a mensagem chegasse ao destino pretendido, lhe fosse enviada uma mensagem de volta com uma única palavra: ou “esquerda”, ou “direita”, não para aferir ideologias políticas mas para saber se o interesse era mútuo. “Se escolheres ‘direita’, podíamos ir comer uns donuts ou assim”, adiantou, esperançoso, revelando que se a resposta fosse “esquerda” também não haveria mal algum. A resposta foi positiva e Claudia disse ao News-Leader que os dois estão a planear um encontro para comer donuts durante esta semana — depois de já se terem encontrado fugazmente. 

O episódio fez com que até a conta oficial do Outlook (serviço de email da Microsoft) respondesse com uma mensagem personalizada que dizia “És verdadeiramente uma entre um milhão (de Claudias)” e também com que uma loja de camisolas fizesse uma t-shirt especial: “I’ll be your Claudia” (“Eu serei a tua Claudia”, em português). E, no Twitter, Hayden mudou a sua biografia para o feito que o tornou famoso tanto na imprensa nacional como internacional: “Parece que enviei um email a algumas Claudias”.

Depois de ter sido descoberta a identidade da desconhecida, houve quem espreitasse as publicações mais antigas de Claudia Alley no Twitter, criticando-a por assumir posições contra os direitos LGBT e contra o movimento dos jogadores da NFL e da NBA que se ajoelharam durante o hino norte-americano, em protesto pela violência policial contra cidadãos negros.