Estudo alerta para perigos de medicação à base de plantas em simultâneo com medicação convencional

Em causa estão possíveis interacções prejudiciais da toma de medicamentos à base de plantas com medicamentos convencionais.

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Os medicamentos à base de plantas como erva-de-são-joão ou Ginkgo biloba podem ter interacções prejudiciais com medicamentos convencionais JOãO GUILHERME

Os tratamentos alternativos podem alterar os efeitos dos medicamentos prescritos, avisam investigadores. Os medicamentos à base de plantas como erva-de-são-joão, ginseng ou Ginkgo biloba podem ter interacções prejudiciais com medicamentos convencionais, cita o jornal britânico The Guardian. Uma equipa de investigação, que estudou dezenas de casos em que os tratamentos alternativos parecem ter alterado os efeitos da medicação prescrita, concluiu que os medicamentos à base de plantas podem diluir, tornar mais potente ou causar efeitos secundários potencialmente perigosos dos medicamentos convencionais.

O estudo apresentou exemplos de doentes que sofreram problemas sérios após tomar medicamentos à base de plantas em conjunto com medicamentos convencionais, como antidepressivos e medicamentos para o HIV, epilepsia ou doenças cardíacas.

Edzard Ernst, da Universidade de Exeter, disse que o estudo evidencia que os ingredientes naturais podem ter efeitos biológicos potentes. “É importante que os consumidores sejam alertados sobre os perigos e pensem duas vezes antes de se automedicarem com medicamentos à base de plantas.”

Charles Awortwe, da Universidade de Stellenbosch em Tygerberg, África do Sul, e primeiro autor do estudo publicado na revista médica British Journal of Clinical Pharmacology, referiu que a sua equipa incluiu 49 casos de relatos e dois estudos observacionais anteriores, chegando a 15 casos de reacções adversas a medicamentos. Foi feita depois uma análise dos casos com o intuito de determinar se os problemas foram causados por interacção, com base nas propriedades farmacológicas das substâncias activas. Foi concluído que os medicamentos à base de plantas desempenharam, provavelmente, um papel em quase 60% dos casos.

Num dos relatos, um homem de 55 anos morreu com uma convulsão enquanto nadava. A autópsia concluiu que a Ginkgo biloba que o homem tomava para aumentar a função cognitiva pode ter inibido os efeitos da sua medicação anticonvulsões.

Estudos recentes mostram que é possível que algumas substâncias activas nos medicamentos à base de plantas afectem o metabolismo do fármaco, acelerando a velocidade em que outros medicamentos são processados no fígado, reduzindo a sua eficácia. Outras investigações indicam que a erva-de-são-joão, utilizada para combater a depressão, poderá interagir com uma grande variedade de medicamentos convencionais. Pensa-se que aumenta os efeitos secundários dos antidepressivos e que pode reduzir a eficácia de outros medicamentos.

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