Intel pede que utilizadores não instalem a sua própria actualização de segurança

Computadores actualizados reiniciam-se e têm outros comportamentos imprevisíveis.

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Há semanas que vários clientes se queixam das actualizações Reuters/Thomas White

As novas actualizações da Intel – criadas para corrigir problemas de segurança nos seus processadores, que afectam milhões de aparelhos – não funcionam bem e têm de ser substituídas. 

No início de Janeiro, foram descobertas duas vulnerabilidades – chamadas Spectre e Meltdown – nos chips de várias empresas. As falhas podem ser utilizadas para roubar informação de computadores. Enquanto o Spectre afecta a maioria dos processadores modernos (incluindo também os da AMD, ARM e Nvidia), o Meltdown apenas foi detectado nos chips da Intel. A situação piora com a Intel a admitir que as suas correcções vêm, também, com problemas: levam os computadores a reiniciarem-se com frequência e a ter outros tipos de comportamento imprevisível.

Esta segunda-feira, a empresa norte-americana publicou um comunicado a pedir aos utilizadores e fabricantes de computador para pararem de instalar as actualizações. “Pedimos que os nossos parceiros na indústria se foquem em testar as primeiras versões de novas actualizações para que as possamos lançar mais depressa”, escreve o vice-presidente executivo da Intel, Navin Shenoy, em comunicado. “Peço desculpa por qualquer transtorno causado por esta mudança nas nossas recomendações.”

Há semanas que vários clientes da Intel se queixam das actualizações, por tornarem os computadores mais lentos e instáveis, quando a Intel tinha assegurado que, apesar de afectarem o desempenho dos computadores (entre 2% e 25%), muitos utilizadores não iam notar a diferença. “Para o utilizador comum de computador, não devem ser significativas e serão mitigadas ao longo do tempo”, lia-se num comunicado da empresa, dias após a divulgação das falhas, no começo de Janeiro.

As novas soluções estão a ser testadas desde o fim-de-semana. A rectificação chega perto de três semanas depois de os problemas terem sido divulgados ao público. Resultam de falhas na arquitectura dos processadores (a componente central num computador) e passaram despercebidas durante duas décadas. Em teoria, podem ser usadas para utilizadores mal-intencionados roubarem informação que esteja a ser tratada (isto inclui palavras-passes, documentos, ficheiros e emails). Foram descobertos em 2017 por investigadores em segurança informática (incluindo uma equipa do Google), que concordaram em não os divulgar enquanto as empresas desenvolviam soluções para os corrigir. O objectivo era evitar que potenciais atacantes soubessem das falhas antes que estas estivessem resolvidas. 

O criador do sistema operativo Linux, Linus Torvalds, tem criticado a atitude da empresa de processadores, argumentando que, em vez de corrigir o problema com a forma como os processadores são criados, a Intel tenta resolver o Spectre e o Meltdown com variações de software para instalar. Num email enviado a um grupo de discussão online da Linux, Torvalds descreve mesmo as actualizações como “um autêntico e completo lixo”.

Torvald não é o único insatisfeito. Antes mesmo do comunicado da Intel, a Microsoft tinha parado as actualizações, depois de receber queixas de utilizadores que não conseguiam ligar os computadores.

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