Banida comédia sobre período que se seguiu à morte de Estaline

Sátira britânica retrata a luta de poder que se seguiu à morte do líder soviético. Na Rússia, foi considerado ofensivo e a sua licença de circulação retirada.

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O histórico general Gueorgui Jukov é interpretado pelo actor Jason Isaacs

O Ministério da Cultura russo retirou a permissão de circulação da comédia britânica A Morte de Estaline, realizada por Armando Iannucci. O filme gerou controvérsia entre políticos e figuras das artes na Rússia que se dizem ofendidos com o seu conteúdo.

A comédia é uma sátira ao período de luta pelo poder na antiga União Soviética que se seguiu à morte de Joseph Estaline. Por isso, são utilizadas várias figuras soviéticas, nomeadamente o histórico general e dirigente Gueorgui Jukov, um dos heróis soviéticos da II Guerra Mundial, e que é interpretado no filme por Jason Isaacs.

O filme estreou-se em Outubro no Reino Unido, mas estava previsto chegar às salas de cinema russas na próxima quinta-feira. No entanto, e depois de um comité consultivo do ministro da Cultura ter recomendado o adiamento da estreia do filme para depois das comemorações do 75.º aniversário da vitória sobre as tropas nazis na Batalha de Estalinegrado (hoje Volgogrado) no dia 2 de Fevereiro, vários dirigentes políticos e figuras culturais marcaram presença num visionamento privado de A Morte de Estaline na segunda-feira, explica a comunicação social britânica.

Ora, muitas das pessoas que assistiram em privado ao filme consideraram-no extremista e ofensivo. “O certificado de distribuição do filme A Morte de Estaline foi retirado”, explicou uma porta-voz do Ministério da Cultura à AFP. Yelena Drapeki, vice-líder do comité de cultura da câmara baixa do Parlamento russo, assistiu ao filme e afirmou que “nunca” viu “nada tão nojento” na sua vida, cita o The Guardian.

Além disso, foi enviada uma carta assinada por 21 pessoas, incluindo a filha de Jukov, a fazer queixa do filme ao ministro da Cultura, Vladimir Medinski, e pedindo que os tribunais confirmem se o mesmo viola alguma lei. Aí considera-se que a história do país é “ridicularizada” e a memória dos heróis que “conquistaram o fascismo” é “denegrida”. 

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