Já não se vai realizar a anunciada intervenção do artista Vhils na fachada do Edifício Santo António, assinado pelo arquitecto Agostinho Ricca, no Foco. A informação foi revelada pelo vereador do Urbanismo da Câmara Municipal do Porto, Pedro Baganha, durante a reunião de câmara desta terça-feira.

O tema tinha sido levado à reunião pelo Partido Socialista depois de uma onda de protestos contra a intervenção, que incluiu o lançamento de uma petição. Os signatários, que entendem que poderia estar em causa a integridade do conjunto arquitectónico do Foco, considerado por Álvaro Siza como “a melhor e mais prestigiada solução urbanística e arquitectónica dos anos 60”, defendem “a justa e urgente classificação como Património de Interesse Municipal” daquele bloco.

A intervenção do artista Vhils tinha sido anunciada pela empresa Atitlan Real Estate Porto Imóveis, SA e motivou críticas nas redes sociais em relação à adulteração do edifício do arquitecto modernista. O International Commitee for Documentation and Conservation of Buildings, Sites and Neighbourhoods of the Modern Movement chegou mesmo a incluir o edifício na sua lista online de “património em risco” em resultado do anúncio. Mais tarde, a Ordem dos Arquitectos acabou por se juntar aos protestos.

A consultora imobiliária acabou por retirar a imagem da Internet, anunciando mais tarde que a obra de Vhils seria “efémera”. A Câmara do Porto, que tinha licenciado a obra, disse na semana passada que iria voltar “a olhar para o processo”, perante os protestos.