O optimismo volta a dominar entre os gestores das grandes multinacionais

Estudo apresentado no arranque de Davos revela os níveis de confiança mais altos desde pelo menos 2012.

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LUSA/LAURENT GILLIERON

Depois de alguns anos de confiança abalada a seguir à crise financeira de 2008, o optimismo está definitivamente de volta, pelo menos nas mentes dos quase 1300 CEO (presidentes executivos) de grandes empresas entrevistados pela consultora PwC para o habitual inquérito de confiança apresentado na abertura do encontro de Davos.

De acordo com a sondagem, 57% dos responsáveis máximos das maiores empresas mundiais esperam que o crescimento no globo aumente em 2018, um valor que é quase o dobro do do ano passado e é o máximo desde que este inquérito começou a ser realizado em 2012.

Este aumento da confiança surge num ambiente em que os mercados accionistas registam valorizações extremamente elevadas, instituições como o Fundo Monetário Internacional revêem em alta as suas projecções de crescimento para a economia mundial e, nos Estados Unidos, as empresas antecipam ganhos financeiros decorrentes das alterações fiscais aprovadas pela Administração Trump e pelo Congresso.

Nos EUA, 52% dos CEO dizem, em relação às próprias empresas, esperar um aumento das receitas este ano, ao passo que no ano passado este valor não passava dos 39%.

O relatório da PwC questionou também os gestores relativamente às ameaças que detectavam na actual conjuntura. Os problemas mais citados foram a incerteza geopolítica, o terrorismo e as ameaças de ciberataques. Numa segunda linha, as alterações climáticas também foram apresentadas como preocupação.

De qualquer forma, no arranque do encontro de Davos, os responsáveis máximos das grandes empresas não conseguiam esconder o seu entusiasmo com a perspectiva de regresso a maiores taxas de crescimento e a maiores lucros. "Tenho vindo aqui nos últimos dez anos, e vive-se um ambiente muito positivo actualmente entre os líderes empresariais em Davos. Penso que a razão está no facto de haver perspectivas de crescimento, não apenas em alguns países específicos, mas numa escala global, que apontam para números que já não víamos desde 2007", afirmou o presidente da Roche, Christoph Franz, numa entrevista à CNBC.

Também houve, contudo, lembrasse os riscos do excesso de optimismo, e fazendo paralelos entre a situação actual e 2006, quando se discutia em Davos "se os mistérios das crises económicas tinham sido resolvidos". "Geralmente quando as pessoas estão felizes e confiantes, alguma coisa errada acontece", disse o líder do grupo Carlyle, David Rubenstein

Na manhã desta terça-feira, em Davos, na primeira intervenção de grande relevo do encontro de líderes políticos e empresariais que se realiza anualmente nesta estância suíça, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, apresentou-se como defensor da globalização, que, disse, “está a ser atacada”. “As forças do proteccionismo estão a levantar as suas cabeças contra a globalização. Elas querem reverter o seu fluxo”, disse, criticando o surgimento de novas barreiras ao comércio.

Na sexta-feira, a grande figura em Davos deverá ser Donald Trump, que, depois de os EUA terem anunciado o aumento das taxas alfandegárias em vários produtos importados esta segunda-feira, terá a oportunidade de defender a sua estratégia de “América primeiro” perante uma audiência que, embora mais optimista graças aos cortes de impostos da Casa Branca, é normalmente grande apoiante da globalização.

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