São Cristiano

As pessoas convencidas começam por parecer absurdas mas aquelas com habilidades extraordinárias, como é o caso de Cristiano Ronaldo, tornam-se mais simpáticas por serem plausivelmente realistas.

O que será do mundo sem Cristiano Ronaldo? A alegria com que meio-mundo se divertiu a legendar o momento em que Cristiano inspeccionou a ferida na testa leva a crer que o futebolista português já foi além do amor e do ódio do passado e se instalou como figura fundamental do ócio internacional.

As pessoas convencidas começam por parecer absurdas mas aquelas com habilidades extraordinárias, como é o caso de Cristiano Ronaldo, tornam-se mais simpáticas por serem plausivelmente realistas. Um grande jogador tem sempre mais graça quando é vaidoso descaradamente. A resposta à pergunta "se eu não puxo por mim, quem é que puxa?" tem mais graça quando a resposta mais provável é "toda a gente".

Claro que é absolutamente normal quando se está a jorrar sangue da cabeça querer pegar num espelho para vermos a ferida. Cristiano deve ter visto que precisaria de dois ou três pontos. Fez uma careta porque é uma chatice. Fez uma careta porque seria preferível que não lhe tivessem aberto a cabeça.

O facto de não ter celebrado o primeiro golo mostra que está chateado com o Real Madrid e, por atacado, com a Espanha que só lhe arranja dores de cabeça. Convenhamos que ter marcado um segundo golo e levar com uma patada dum suíço dum clube galego não é a mais merecida das recompensas.

O estado de espírito de Cristiano Ronaldo é muito um momento "só me faltava esta!" Se fosse realmente vaidoso saberia que aquele sangue joga a favor dele, dando-lhe um semblante heróico, um bem-vindo cheirinho a São Sebastião.

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