Cigarros electrónicos podem levar adolescentes a consumir tabaco

Painel de especialistas dos EUA regista evidência estatística "moderada" de uma maior propensão entre utilizadores de cigarros electrónicos para consumir tabaco mais tarde. Efeitos destes aparelhos na saúde ainda não são totalmente conhecidos.

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Reuters/NEIL HALL

Um painel norte-americano de especialistas em saúde pública que conduziu a análise mais extensa feita até ao momento de todos os estudos feitos aos cigarros electrónicos — os chamados e-cigarettes, em inglês —, conclui que os riscos destes aparelhos para a saúde não podem ser afastados cabalmente, e que os adolescentes que os utilizam revelam uma maior propensão para começar a fumar os cigarros tradicionais.

Como explica o New York Times, este relatório, divulgado nesta terça-feira, foi pedido em 2016 à Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina pela FDA (Food and Drug Administration), depois de ter sido atribuída àquela agência do governo norte-americano poderes de regulação sobre aquele tipo de produtos nos EUA. Na análise de quase dois anos, os especialistas começam por admitir que os cigarros electrónicos, que contêm um líquido de nicotina, são mais seguros do que os cigarros tradicionais e que podem ajudar os fumadores de longa data a deixar de fumar. Sublinha-se que existem provas concretas de que a troca para estes aparelhos reduz a exposição dos fumadores ao alcatrão e a diversos agentes cancerígenos presentes dos cigarros normais.

No entanto, os especialistas recusam declarar que os cigarros electrónicos sejam totalmente seguros, apontando a ausência de estudos conclusivos sobre os seus efeitos no coração, pulmões e sistema reprodutivo mas, por outro lado, notando a presença de substâncias tóxicas na maior parte dos aparelhos electrónicos, para além da própria nicotina.

Sobre o carácter viciante dos cigarros electrónicos, o painel não encontra uma ligação directa entre estes aparelhos e consumo de cigarros tradicionais, mas regista uma evidência estatística "moderada" de que os utilizadores adolescentes e no início da idade adulta tendem mais tarde a fumar tabaco. Perante a ausência de estudos de longo prazo — ou seja, por a chegada dos cigarros a vapor ainda ser recente —, não é claro se se trata apenas de uma experimentação ocasional do tabaco ou se os jovens se tornaram fumadores habituais.

“Para responder a perguntas sobre o impacto na saúde, ainda há muito a aprender”, disse ao New York Times David Eaton, da Universidade de Washington, que liderou o painel responsável pela análise. Neste momento, explica, os e-cigarettes ainda "não podem ser simplesmente categorizados como benéficos ou prejudiciais”.

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