Iraque condena alemã à morte por pertencer ao Daesh

Foram detidas na mesma ocasião outras 19 mulheres oriundas da Rússia, da Turquia, da Alemanha, do Canadá, da Líbia e da Síria.

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REUTERS/Stringer

Um tribunal iraquiano condenou à morte neste domingo uma cidadã alemã de ascendência marroquina por ter participado em ataques executados pelo Daesh.

A mulher foi capturada pelas forças iraquianas em Julho de 2017, no decurso da batalha de Mossul. Esta é a segunda mulher estrangeira a ser condenada à morte no Iraque por se juntar àquele grupo extremista. Em Setembro, uma tchechena recebeu a mesma pena, por se ter juntado ao Daesh, diz a AFP. Esta é, no entanto, a primeira cidadã da União Europeia condenada à pena capital.

A execução da pena não é definitiva – o porta-voz do Conselho Judicial Supremo do Iraque, Abdul-Sattar al-Birqdar, disse à agência Reuters que a sentença pode ser contestada nos tribunais superiores.

De acordo com o mesmo responsável, a mulher – cuja identidade não foi revelada – foi condenada por ter participado em ataques contra as forças de segurança do Iraque e por ter ajudado o Daesh como “apoio logístico”. Partiu para a Síria e depois para Iraque, com as suas duas filhas, que fez casar com guerrilheiros do Daesh, precisou o porta-voz do tribunal, juiz Abdel Settar Bayraqdar.

Sendo uma cidadã alemã, espera-se que as autoridades da Alemanha façam um comentário nos próximos dias, algo que ainda não aconteceu.

Segundo noticiou a imprensa germânica, pelo menos quatro cidadãs de nacionalidade alemã foram capturadas em Julho. Duas eram oriundas da cidade de Mannheim, em Baden-Wuerttemberg (a mais velha nascera em Marrocos e a mais nova era sua filha). Outra nascera na Chechénia e fora registrada em Detmold, na Renânia do Norte-Vestfália. E a outra morava em Pulsnitz, perto de Dresden, na Saxónia.

Esta última só tinha 16 anos quando se juntou ao grupo e depressa foi detida. Numa entrevista feita pelas televisões alemãs NDR e WDR e ao jornal Sueddeutsche Zeitung, disse que só queria voltar à Alemanha. “Eu quero sair da guerra, das armas, do barulho”, afirmou.

Na mesma altura, as autoridades capturaram um total de 20 mulheres originárias de diversos países (Rússia, Turquia, Alemanha, Canadá, Líbia e Síria). Elas tinham-se barricado, com armas e explosivos, num túnel, nas ruínas da cidade velha de Mossul.

Estas mulheres arriscam todas a pena de morte. São acusadas de pertencerem ao Daesh, de atravessarem a fronteira sem autorização e de provocarem a morte de civis. Muitas outras mulheres estrangeiras estão na mesma prisão.

Os serviços de inteligência da Alemanha estimam que, nos últimos anos, mais de 900 alemães, 20% do sexo feminino, tenham deixado o país para se juntarem ao Daesh na Síria e no Iraque. Alguns regressaram, outros foram mortos em batalha e atentados suicidas. Muitos continuam desaparecidos.

Em Dezembro de 2017, o primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, anunciou que tinham sido derrotadas as últimas bolsas do Daesh no país, três anos e meio depois de o grupo ter conquistado um terço do território do Iraque. No mês anterior, as forças iraquianas tinham reconquistado Rawa, que era a última cidade sob o domínio dos jihadistas, junto à fronteira síria.

Não foi o fim. As forças que combatem o Daesh passaram a uma guerra de guerrilha em algumas zonas. 

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