A goleada do Real Madrid ao Deportivo da Corunha (7-1), que incluiu o regresso de Cristiano Ronaldo aos golos. O triunfo do Barcelona no terreno do Betis (0-5), que permitiu ampliar a liderança da classificação. Tudo isso é muito bonito, mas não foi nenhum destes resultados a marcar o dia no futebol em Espanha. Ao final da tarde, faltaria uma hora para o início da partida dos “blaugrana”, começaram os anúncios: Leganés, Levante, Villareal (todos da Liga espanhola); Numancia, Rayo Vallecano, Sporting de Gijón, Valladolid (que militam no escalão secundário) apresentavam reforços para a equipa de futebol. Com a particularidade de os futebolistas serem todos de nacionalidade saudita.

A explicação para a torrente de jogadores sauditas a chegar ao futebol espanhol chegaria depois, através do site oficial da Liga espanhola: trata-se de um projecto de colaboração com a Autoridade Geral dos Desportos e a Federação saudita de futebol, que visa potenciar o futebol da Arábia Saudita. As transferências foram anunciadas numa cerimónia em Riad e são válidas para os próximos seis meses. “De entre os jogadores que foram escolhidos pelos clubes, três pertencem à selecção nacional da Arábia Saudita, que se qualificou para o Mundial da Rússia em 2018. Salem Al Dawsari, Fahad Mowallad e Yahia Sahari vão actuar nos clubes do primeiro escalão”, sublinhava a Liga espanhola.

A sucessão de anúncios e a proveniência dos reforços provocou surpresa na maioria dos adeptos – e também alguns mal-entendidos. O Sporting de Gijón, por exemplo, cometeu um erro ao anunciar na rede social Twitter a chegada do seu jogador saudita: “O Sporting contratou o jovem saudita Alshabab Abdullah. Bem-vindo!”, podia ler-se. Apenas para ser corrigido pouco depois, por um tradutor profissional. “Olá Sporting, Alshabab é o nome da equipa, AlShabab Riad! O nome do jogador é Abdullah Al Hamdan. Obrigado.”

Alheios a estas movimentações do mercado, Real Madrid e Barcelona entraram em campo dispostos a regressar às vitórias. Os “merengues” atravessavam um período negativo na Liga espanhola (três jogos consecutivos sem vencer e apenas dois triunfos nas últimas sete partidas), mas a equipa de Zinedine Zidane aproveitou a recepção ao Deportivo da Corunha para dar um – ou vários – pontapés na crise. Os galegos levaram os adeptos no Santiago Bernabéu ao desespero quando, aos 23’, Adrián López inaugurou o marcador. O avançado ex-FC Porto só teve de encostar após jogada pela esquerda de Lucas Pérez.

Mas a resposta do Real Madrid foi esclarecedora. Nacho e Gareth Bale deram a volta ao resultado ainda antes do intervalo, e no segundo tempo a partida teve sentido único: a baliza do Deportivo. Bale e Modric elevaram o marcador a 4-1 e depois Cristiano Ronaldo apontou os primeiros golos do ano 2018, com um “bis” aos 78’ e 84’. O internacional português seria atingido por um adversário, nos instantes finais, e saiu com a cara ensanguentada numa altura em que Zidane já tinha esgotado as substituições (teve de ser suturado). Mesmo assim, ainda houve tempo para Nacho também apontar o segundo da conta pessoal, aos 88’, e estabelecer o 7-1 final.

A resposta do Barcelona também foi uma goleada. Depois de 45 minutos equilibrados na visita ao Betis, os catalães abriram a torneira dos golos no segundo tempo e chegaram ao 0-5 com o contributo de Rakitic, Messi (2) e Suárez (2). A liderança do Barcelona é agora mais folgada, graças ao empate do Atlético de Madrid na véspera, que deixou os “colchoneros” a 11 pontos. O Real Madrid, com um jogo a menos, está a 19.

O Nápoles segue na liderança da Liga italiana com o triunfo na visita à Atalanta, graças a um golo de Mertens. E a Lazio subiu ao pódio com uma goleada na recepção ao Chievo (5-1). Nani, lançado na partida aos 77’, apontou o derradeiro golo dos romanos na partida. André Silva não saiu do banco no triunfo do Milan em Cagliari (1-2) e João Cancelo foi o único português em campo no empate do Inter perante a Roma (1-1).

Em França, o Paris Saint-Germain sentiu dificuldades no terreno do Lyon: já perdia aos dois minutos, embora tenha feito o 1-1 antes do intervalo, mas na segunda parte ficou reduzido a dez por expulsão de Dani Alves e acabaria por sofrer, no último instante da partida, o golo que ditou a segunda derrota no campeonato. O Mónaco de Leonardo Jardim venceu por 3-1 na recepção ao Metz, último classificado.