Rui Rio visto por colaboradores: “determinado sim, teimoso não”

O coordenador da moção estratégica global de Rui Rio e o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto falam ao PÚBLICO sobre a personalidade do novo líder social-democrata.

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Rui Rio foi eleito presidente do PSD com 54,1% dos votos. LUSA/HUGO DELGADO

Recém-eleito presidente do PSD, Rui Rio já é um rosto bem conhecido dos portugueses, em grande parte por ter liderado a Câmara do Porto durante três mandatos consecutivos. Rio vai assumir a presidência, no congresso nacional, em Fevereiro, com a ambição de fazer o PSD regressar ao Governo de Portugal.

Em conversa com o PÚBLICO, o mentor da moção estratégica de Rio, David Justino, não nega que o novo líder social-democrata seja teimoso. “Geralmente, não há uma sobreposição da dimensão pessoal relativamente àquilo que é a força da instituição”, explica, “há é um esforço enorme para que a flexibilidade não seja levada ao extremo”. Também António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto e figura próxima de Rio, partilha da mesma opinião. “Rio não é demasiado teimoso, é, sim, demasiado determinado”.

David Justino lida de perto com Rui Rio há muitos anos e afirma que o próximo líder do PSD é firme na posição que defende, mas que sabe ouvir outras opiniões. “Ele diz uma coisa muito simples: ‘Se por acaso eu não tenho razão, demonstrem que eu não tenho razão’; e se alguém demonstra, ele muda, claramente”. Opinião semelhante tem António Tavares, que diz que já viu “muitas vezes Rio mudar de opinião, ainda que não de determinação”.

No discurso de vitória nas eleições directas, de há uma semana, Rio deu sinais de que, a partir de agora, muita coisa pode mudar no partido. Disse que o PSD “não é um clube de amigos”, e avisou António Costa de que a oposição ao Governo do PS, apoiado por BE, PCP e PEV, vai ser firme e atenta. Há quem diga que o ex-autarca do Porto fala nas entrelinhas, mas há também quem não entenda as mensagens nas entrelinhas do que ele diz.

David Justino trabalhou durante muitos anos com o ex-Presidente da República Cavaco Silva, como seu assessor político. Comparando Rio e Cavaco, diz que “são duas personalidades muito diferentes. Na parte do respeito institucional, são iguais. Mas na parte da visão do mundo, são muito diferentes, até porque pertencem a gerações distintas. A experiência política de um e de outro são completamente diferentes”.

Em relação a promessas, à RTP3 Rio afirmou que não se pode prometer tudo nas campanhas eleitorais - para “não ficarmos agarrados a isso”. Para Justino, essas palavras significam que Rio só promete o que pode dar. “Esta cultura distribucionista de prometer em troca de um voto é algo que, na nossa perspectiva, não é fácil, nomeadamente quando aquilo que há para distribuir não é muito”.

Sobre o estilo de liderança de Rio, o ex-ministro sublinha: “Ele tem uma atitude colaborativa muito forte, mas a última palavra é dele”. Confirma que Rio “é uma pessoa muito aberta e aprende rapidamente”, e afirma categoricamente: “Essa ideia da teimosia e de alguma arrogância de conhecimento não corresponde à verdade”.

António Tavares garante que Rio “não parte" para a liderança do PSD "com a ideia de que vai perder”, e que sente que, para ganhar, tem de fazer uma coisa: “Falar a verdade e não iludir as pessoas”. Será que chega?

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